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sexta-feira, setembro 17, 2010

O (triste) resultado das eleições


Eleições são tempos complicados. Para os católicos, mais ainda, pois é difícil achar entre os participantes deste circo de horrores alguém que valha o voto. Aliás, já é complicado mesmo acharmos que voto valha alguma coisa... Mas isto é outra história.

O que mais me incomoda mesmo é que para os católicos brasileiros as eleições vêm se tornando ocasiões para pecar ou, para dizer o mínimo, uma oportunidade de muitos mostrarem a fraqueza de seus princípios católicos.

Vem à minha mente o Plebiscito do Desarmamento, pois este é um exemplo claro do quanto nós, católicos, nos deixamos levar por forças outras que não as que vêm do Céu.

Quantos foram os padres, bispos e leigos "engajados" que aderiram à tristemente famosa campanha pelo desarmamento? Quantos de nós que não caímos no canto da sereia não ouvimos palavras acusatórias de que nós desejávamos na verdade um mundo mais violento? Quantos foram os que se iludiram, achando mesmo que o plebiscito era como uma prova sobre quem era bonzinho ou mauzão?

Em ambientes católicos, dizer-se contrário ao desarmamento compulsório equivalia quase a um "desbatismo", quase uma excomunhão. Um verdadeiro absurdo! Este é o resultado quando colocamos nossa fé em coisa à parte de Deus... Cai-se no absurdo de achar que eleição é um pseudo-sacramento que nos levará a um pseudo-Paraíso.

Não leva. Nunca levou. Nunca levará.

Assim como o Carnaval tornou-se de uma simples festa popular em um dragão demoníaco criando hiatos morais na vida de muitos, parece que nas eleições vai o mesmo acontecendo, já que há muitos eleitores católicos que acham que podem guardar o seu catolicismo no armário enquanto militam pelo partido ou por um candidato.

É uma gente parecida com o próprio presidente Lula, que acredita que pode comungar um dia e, no outro, distribuir preservativos. Nao é à tôa que ele acha que pode ser católico e permitir que o abortismo avance em seu governo.

O problema de Lula é o problema de muitos: achar que o catolicismo é um botão liga/desliga, que é acionado quando conveniente. Ainda não entenderam que se É católico e não simplesmente se ESTÁ católico. É uma identidade divina e não um simples estado humano.

Muitos católicos, advertidos de que não se pode ser bom católico e comunista (ou o termo mais abrangente: "esquerdista"), segundo as palavras mesmo de um Papa, dão de ombros, guardam o glorioso estandarte católico na gaveta e saem por aí empunhando uma bandeira vermelha qualquer.

Talvez não saibam que o esquerdismo é responsável direto pela morte de milhares de católicos... Ou talvez dêem de ombros para o testemunho do sangue de mártires.

Mas o mais chocante atualmente é que o desespero e o deserto de nossa cena política vem dando margem para atitudes altamente questionáveis, vindas mesmo de quem jamais imaginaríamos.

Foi com extrema surpresa que soube que o querido Pe. Lodi, o maior profeta Pró-Vida do Brasil, teceu comentários atenuantes sobre José Serra, que quando ministro assinou Norma Técnica abrindo as portas dos hospitais públicos para o erroneamente chamado "Aborto Legal".

Em seu blog, o bom padre assim escreveu:
"Entre os debatedores, o único pertencente a um partido não abortista foi José Serra (PSDB). Manifestou-se contra o aborto, não concordou com um plebiscito sobre o tema e achou conveniente a não erotização dos jovens como meio de combater a AIDS. Serra tem, porém, contra si o fato de ter assinado em novembro de 1998, quando era Ministro da Saúde, uma Norma Técnica que introduziu a prática do aborto em nível federal nos hospital públicos. Embora não se possa desculpar essa atitude, ela encontra os seguintes atenuantes:

1. Serra não foi autor da Norma Técnica abortista. Ele já a encontrou em sua mesa, quando tomou posse em lugar de seu antecessor Carlos Albuquerque.

2. Ele foi enganado, como boa parte da população, pela farsa de que existe algum caso de aborto "legal" no direito brasileiro, e que em tais casos o Estado teria o dever de financiá-lo.

3. Como senador da República e como Ministro da Saúde, ele nunca foi um militante pró-aborto.

Serra está longe de ser o candidato ideal. Mas neste cenário sombrio pelo qual passamos, ele parece ser o único capaz de evitar - Deus nos livre - a vitória de Dilma Rousseff neste país."
Li e reli a mensagem de Pe. Lodi para acreditar no que eu estava lendo. A única saída possível para um texto assim é que ele se sinta desesperado. E é lamentável que este desespero esteja sendo utilizado já por gente para pintar José Serra como a única alternativa de voto católico.

Serra é alternativa coisa nenhuma, sinto dizer. Se podemos dizer que o PSDB não tem em seus estatutos o abortismo que existe no PT, também podemos dizer que entre Serra e Dilma quem mais contribuiu CONCRETAMENTE para o abortismo até o momento foi José Serra e sua Norma Técnica favorável ao aborto de crianças concebidas em estupros.

Se Serra nunca foi militante pró-aborto, o mesmo se pode dizer de Dilma, se entendermos que militância significa uma real proximidade à causa abortista. Já se entendermos que militante abortista é aquele que contribui para a causa de alguma forma -- e é desta maneira que eu entendo --, tanto Serra, quanto Dilma, quanto Lula, todos são militantes abortistas e, sobre este assunto ao menos, são sim farinha do mesmo saco.

Serra não ser o autor da Norma Técnica é coisa que tem bem pouco valor na discussão. O que importa mesmo é que ele a assinou. É mais inocente aquele que a produziu que aquele que a colocou em prática, exatamente o papel de Serra.

Acho também muito difícil sustentar que Serra tenha sido enganado sobre um assunto como o "Aborto Legal". Acaso ele não sabe ler? Aliás, é digno de ser presidente alguém que se deixa enganar de tal forma em um assunto que mexe diretamente com vidas humanas?

A verdade mesmo é que o PSDB, apesar de não ter o abortismo impresso em seus estatudos, o tem presente em seu sangue. E principalmente o PSDB paulista! O trecho abaixo mostra bem isto.
"Em 1996 tramitava na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados o PL 20/91 que, a título de regulamentar os abortos nos casos de estupro e risco de vida da mãe, abria a possibilidade de aborto em qualquer situação a pedido da gestante. Nos casos de estupro o aborto seria realizado mediante uma simples declaração da mulher de que fora estuprada e que seu filho era fruto de estupro. Designado relator, o deputado Hélio Bicudo, PT/SP, apresentou um substitutivo pelo qual o Estado assumiria as crianças geradas de um estupro. Hélio Bicudo foi substituído na relatoria pela deputada Zulaiê Cobra. Quando da votação (20.08.1997) Hélio Bicudo, presente na decisiva sessão que aprovaria o PL 20/91 na Comissão de Constituição, Justiça e Redação, fez um grande discurso em defesa da vida. No entanto, na hora da votação, quando seu nome foi chamado para votação nominal, não estava presente. Era membro substituto daquela Comissão e os titulares estavam presentes. Entretanto, ausentando-se o membro permanente foi chamado um outro deputado do PT (no caso Marta Suplicy), também suplente, para votar. Como a votação empatou (23 x 23 votos) a Relatora deputada Zulaiê Cobra, do PSDB, desempatou pela aprovação do projeto. Teria o deputado Hélio Bicudo se ausentado porque era suplente e os titulares estavam presentes, ou foi “aconselhado “ a se ausentar para que outro seu companheiro de partido, favorável ao aborto, desse seu voto a favor do projeto? Por que o deputado Helio Bicudo foi substituído pela Deputada Zulaiê Cobra, na Relatoria do PL 20/91? Fica a interrogação." [original]
A Deputada Zulaiê Cobra era do PSDB paulista! E foi ela que foi escolhida para substituir Helio Bicudo, um petista conhecido por ser contrário ao aborto! Moral da história: um petista contrário ao aborto será sempre substituído quando necessário e quem o pode substituir é até mesmo um tucano!

Muito difícil imaginar que Serra, sempre envolvido em grandes questões nacionais, fosse enganado sobre um assunto como este. Ele se diz contra o aborto, mas quando estava com a caneta na mão no momento que importava resolveu trocar de lado? E querem que eu acredite que ele foi enganado?

Reservo-me o direito de não acreditar neste Conto da Carochinha até que ele próprio venha a público dizer que errou e que vai reverter o mal que causou sua canetada de ministro. Até lá, para mim ao menos, suas palavras são simples retórica de campanha. Não lhe devo voto de confiança exatamente porque ele já o traiu a priori.

Há também os que argumentam que o aborto tem que ser encarado como uma questão entre outras, que o que está em jogo é algo maior. Na minha opinião erra muito quem pensa assim, pois o aborto não é UMA simples questão entre outras, o aborto é A questão. Todas as outras questões vêm depois do Direito à Vida. Economia, Política, Liberdades Individuais, etc., tudo isto vem após nosso Direito à Vida ser preservado, e se todos tivessem consciência deste direito o abortismo seria o equivalente a um suicídio político para seus militantes.

Uma das coisas que mais fortalece o abortismo é exatamente nos deixarmos levar pelo papo de que o aborto é uma questão dentre outras. Foi exatamente este discurso que impulsionou o voto de católicos dissidentes ao presidente dos EUA, Barack Obama, o mais radical abortista que já chegou à presidência por lá. Cá entre nós o mesmo discurso vai fazendo estragos junto aos católicos, lamentavelmente.

Ao final o que temos é que mais uma eleição vem e passará deixando atrás de si uma confusão dos diabos (literalmente...) entre os católicos. É gente que não aprende o que já foi dito pelo Papa Bento XVI: a defesa da vida é um valor inegociável! É gente que não aprende com a palavra do Papa Pio XI, que não se pode ser bom católico e socialista ao mesmo tempo. É uma gente, enfim, que acha mesmo que pode ser católico só às vezes e que tudo vai bem assim.

Infelizmente no meio de toda esta confusão entre os católicos, e que fica mais nítida a cada eleição, há gente que acha boa alternativa pular da frigideira ardente para o caldeirão fervente.

Mil desculpas, mas eu não me iludo com isto.

4 comentários:

Fausto Ramos disse...

O Serra faz declarações hoje que demonstram ter reconsiderado sua posição desde a aprovação da tal lei, ou seja, talvez tenha se arrependido (não sou ingênuo, ele também pode estar representando). Não é o caso da Dilma, ela é pró-aborto sem dúvida. Mas é importante notar que esta eleição já é de certa forma um plebiscito sobre o aborto, e o não, na minha opinião, está associado ao Serra, por suas declarações pessoais, sendo sinceras ou não.

Roberta Gonçalves disse...

Concordo contigo; mas, a dúvida permance: votaremos em quem? Não seria melhor apoiar um discurso pró-vida meia-boca e mostrar aos candidatos que existe uma parcela do eleitorado que se preocupa com isso, e que, se els (os candidatos) se associarem a causa pró-vida podem ganhar votos?

William disse...

Caro Fausto:

O negócio é que quando Serra este em posição de fazer o bem escolheu fazer o mal, e um mal bem grande. Seu posicionamento em relação ao aborto sempre ficou claro por seu ato quando Ministro da Saúde, mas agora ele vem, em tempo de campanha, dizer que é contra, etc.

Creio que precisamos de coisa mais concreta que sua simples palavra de que é contra o aborto. Devido a suas atitudes no passado, não confio nele nem um pouco.

[]'s

William disse...

Cara Suzana:

Eu até compreendo quem queira votar no Serra pensando que ele ao menos mostra um discurso contra o aborto.

Dado o histórico de Serra em relação ao aborto, isto é uma aposta. Pode-se ganhar ou perder. Tomando Dilma e o PT como a certeza de que o abortismo continuará com a força atual, Serra pode até parecer uma alternativa, pois ao menos é um vento de esperança.

Com certeza Dilma não é moralmente aceitável para quem leva seu catolicismo a sério. Serra, pode até ser... Mas eu também aceito quem não confia no Serra e não vê diferenças entre os 2 candidatos em relação ao aborto.

Este é meu caso.

Uma coisa que não aceito é que se doure a pílula da candidatura Serra apenas porque ele AGORA se diz contra o aborto. Vem daí minha humilde crítica às palavras do grande Pe. Lodi.

Para mim não há qualquer atenuante na atitude que Serra tomou quando era ministro.

Eu até entendo que o padre pudesse declarar um voto a Serra em um ato de desespero ou algo parecido, como um último suspiro de esperança. Já tentar tirar a responsabilidade plena dos atos do candidato achei forçado demais e altamente lamentável.

[]'s