Sara Winter, em versão Dia dos Namorados |
"Alguns minutos antes de colocar o cytotec na boca, eu coloquei minhas mãos no ventre e disse 'Filha, eu vou deixar você nascer mais tarde, numa família saudável, sem um pai com problemas alcoólicos, sem sermos abandonadas.'"
E assim a ativista Sara Winter matou sua filha em seu ventre, conforme ela divulgou em sua página no Facebook. Sara deu estas informações, segundo ela, na "esperança de ajudar milhares de mulheres a se sentirem representadas, sentirem que não estão sozinhas".
Ela informa também que já não mais poderá ter filhos, pois devido a complicações do aborto -- uma grave infecção nas "trompas uterinas" -- seu médico lhe disse que ela provavelmente não poderá ter um filho de novo.
Sara, claro, tem suas justificativas:
"Se o aborto fosse legal, gratuito e seguro, eu ainda teria minha opção. O abandono do ex-marido, a negligência do Estado e a intromissão da Instituição Cristã nas decisões de políticas públicas para as mulheres roubaram de mim o sonho de poder ser mãe."
A ativista também declarou estar "disposta a conselhar e ajudar de toda e qualquer maneira possível cada mulher desesperada que não quer dar continuidade na gestação".
Ok, Sara, nós entendemos.
Entendemos que você, mesmo tendo plena consciência de que já havia dentro de você uma vida humana, para sua própria conveniência resolveu dar cabo da vida de sua filha não-nascida e jogá-la na rede de esgoto ou no lixo comum.
Entendemos que você, que se diz feminista (o que não tem nada a ver com o verdadeiro feminismo ou com suas origens - ver "Feministas: ontem e hoje"), curiosamente tentou justificar para sua filha, a quem ia matar, que os "problemas alcóolicos" do pai dela era um dos motivos pelos quais ela tinha que morrer.
Entendemos que o teu feminismo, a mesma ideologia que te faz "protestar" com os seios à mostra por qualquer motivo tosco, te deixou tão independente dos homens que você não suportou o abandono do ex-marido e resolveu eliminar a vida de tua filha. Como você é independente, Sara! Será que tantas mulheres que têm a coragem de criarem seus filhos sozinhas deveriam seguir teu belíssimo exemplo? E note que você vive em uma época que o termo "mãe solteira" não é mais estigma entre nós.
Entendemos, Sara, que para você todos têm culpa porque você não mais poderá ter filhos: o ex-marido, o Estado, a Igreja, etc. Só quem tem nada com isto é você, não é mesmo? Pena que tua filha nunca mais estará entre nós, pois no futuro talvez ela pudesse dizer a você que soa bem ridículo quem toma uma pílula que sabe que eliminará um ser humano, que envolve riscos inúmeros para a própria saúde, e que fica querendo culpar a todos, menos a si mesma pelos problemas que daí vieram.
Entendemos que você quer passar para todos a idéia de ser uma mulher "poderosa", "guerreira", "independente", mas quando a coisa aperta aí você fala em família, fala em ter sido abandonada, mostra tanta dependência de um homem -- e um com "problemas de alcoolismo"! -- que prefere eliminar a própria filha do que ter de lidar com uma realidade em que você poderia deixar tua retórica ter algum valor no mundo real.
Entendemos, Sara, que desde que o FEMEN disse que você não servia para líder teu espaço na mídia vem definhando e atitudes como esta de falar de aborto e se colocar como exemplo vêm muito a calhar para tua "carreira", não é mesmo? Afinal, você até mesmo tentou fazer parte da última edição do Big Brother Brasil, programa que já havia sido criticado por você mesma! Ou seja, você tem se ocupado de corpo e alma para ter alguma relevância no cenário nacional, mesmo que seja nas páginas do jornal "O Dia".
Enfim, nós entendemos, Sara, tua necessidade extrema de atenção. Afinal, ter 22 anos e um comportamento de uma menininha mimada de 12 anos não deve mesmo ser fácil para ninguém. A vida adulta não parece ser para todos, não é mesmo?
Mas sabe o que não dá para entender? É como você, que se diz feminista, foi capaz, segundo tuas próprias palavras, de ficar sangrando por 3 semanas após o aborto com Cytotec sem procurar um médico. Como você ficou com "febre altíssima" e tendo "cólicas horríveis" durante tanto tempo sem se dar conta de que deveria procurar ajuda? E você quer que acreditemos que isto foi devido a você estar com medo de ser denunciada? É sério isto? Logo você, Sara, que quer passar uma imagem de tão senhora de si, logo você estava com medo de que médicos te denunciassem? Sério mesmo?
Não dá para entender, Sara, que você, como várias das feministas atuais, diz que luta pelo "direito ao próprio corpo", tenha tratado tão mal o próprio corpo, permitindo-o sangrar por 3 semanas, permitindo que uma infecção se alastrasse pelas suas trompas uterinas até resolver procurar ajuda. É para tratar tão mal teu próprio corpo que você diz que luta pelo direito a ele? Aliás, é peculiar também que você queira o direito ao próprio corpo, mas que isto não te baste, pois, caso você não saiba, o corpo de tua filha que você eliminou não era teu corpo, até o DNA dela era diferente do teu.
E o que realmente não dá para entender é que você tenha tido tanto medo de procurar ajuda médica para se tratar porque achava que seria denunciada, mas que subitamente todo este medo tenha desaparecido ao relatar tua experiência a um jornal de grande circulação. E isto nem ficou apenas no relato do que aconteceu contigo... Você também declarou estar "disposta a conselhar [sic] e ajudar de toda e qualquer maneira possível cada mulher desesperada que não quer dar continuidade na gestação". Ou seja, você, que temia ser denunciada por ter cometido um aborto, agora não tem mais medo algum, estando disposta até mesmo a servir de conselheira para quem deseja cometer o mesmo ato, ato este que continua sendo crime no Brasil. É impressionante como tua coragem apareceu novamente quando um jornal te procurou para falar de aborto!
Enfim, o aborto não parece ter sido um problema para Sara Winter, pois ela vem até mesmo procurando instrumentalizá-lo para sua carreira. O aborto de Sara foi um problema mesmo para sua filha abortada, pois foi ela quem foi sacrificada por uma mãe que parece apenas preocupada em representar um personagem patético criado por sua mente delirante. E isto é triste, bem triste.