A revoltante história da francesa Dominique Cottrez que matou oito filhos recém-nascidos é muito mais que apenas mais uma história triste acontecida nestes nossos difíceis tempos. É mais do que claro que tal ato é fruto de uma mente doente, necessitada de urgente tratamento psicológico, mas igualmente impressionante é a reação da sociedade diante do fato.
É de enojar as tentativas de desvio da atenção para problemas diferentes, como que buscando capitalizar o drama da morte destas crianças. Esta instrumentalização do drama alheio é dos vícios mais horrendos de nossa época, coisa de quem vê uma tragédia não com compaixão pelas vítimas, mas com os frios olhos do oportunismo.
Abortistas são mestres neste tipo de manipulação baixa, cujo alvo é a flexibilização junto à opinião pública da natural rejeição ao aborto. Um documentário produzido recentemente pelo IPAS-Brasil é um exemplo pronto e acabado deste tipo de tática sem vergonha, que apenas mostra mais claramente o quão baixo tais pessoas conseguem ir.
Um exemplo de reação estranha ao drama ocorrido na França são as palavras de uma vizinha do casal Cottrez, Janique Kaszynski:
"É revoltante. É mostruoso. Para mim, eles [o casal] não são seres humanos. É monstruoso terem matado oito bebês viáveis."Para quem não sabe, a "viabilidade" de um bebê é um termo que indica quantidade de semanas de gestação a partir da qual um bebê poderia sobreviver fora do útero da mãe. Atualmente o número de semanas é por volta de 23.
Mas o que salta aos olhos na frase da vizinha é a naturalidade com que ela assume um discurso abortista mesmo diante de uma tragédia que sinceramente a revolta. Não é assassinato de bebês que lhe causa asco, é o assassinato de bebês "viáveis".
Segundo a viabilidade atual, esta vizinha não se importaria se a sra. Cottrez fosse a uma clínica de abortos para matar seus oito filhos se estes tivessem apenas 22 semanas. Que coisa, não? O que a incomoda é que ela tenha matado bebês viáveis. Ao final o que se tem é que a vizinha Janique Kaszynski valoriza não a vida, mas a vida valorada por um critério subjetivo como a tal "viabilidade".
E é aqui que está o real problema: ao se diminuir o valor intrínseco que tem uma vida humana, deixando-a à mercê de critérios subjetivos tais como a viabilidade fora do útero da mãe, ou se o nascituro já sente dor, ou a simples escolha da mãe, o que se cria é a porta de entrada para que uma pessoa como a vizinha da sra. Cottrez horrorize-se com a morte de 8 crianças que eram "viáveis" enquanto nem liga para as milhões que são estraçalhadas em clínicas de aborto ou que vão parar na rede de esgoto vítimas de medicamentos que tornam o aborto cada vez mais invisível à sociedade, mas nem por isto menos nocivo.
Quem como a vizinha da assassina sra. Cottrez dá importância a estes critérios para decidir com o que vai se horrorizar, corre o risco de ficar como alguns médicos ingleses, que foram capazes de deixar morrer sem quaisquer cuidados um bebê com 21 semanas e 5 dias de gestação apenas porque o protocolo médico afirma que somente nascituros de 22 semanas em diante devem ser tratados.
É isto mesmo... Por causa de 2 dias médicos de um país de primeiro mundo forçaram uma mãe assistir à morte do próprio filho sem que houvesse uma mísera tentativa de dar ao pequeno e extremamente frágil bebê um mínimo de conforto.
Talvez estes mesmos médicos que cometeram este ato de inominável crueldade estejam também, assim como a vizinha da sra. Cottrez, revoltadíssimos com o assassinato de 8 bebês. Afinal, para eles a coisa é diferente quando os bebês são "viáveis", não é mesmo? Ao menos deve ser assim que justificam para si seus atos...
É esta a Cultura da Morte que tudo vai dominando em nossos dias. E engana-se quem pensa que a vizinha da sra. Cottrez está sozinha ao reverberar um discurso abortista, ainda que velado.
Na área de comentários na página do Portal Terra que divulgou a notícia do ocorrido na França, podemos ler o seguinte, com erros e tudo:
"E A DESGRAÇA AINDA NÃO QUERIA USAR MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS!!! OU É MUITO IGNORANTE OU É DOMINADA POR ESSAS IGREJAS QUE PROIBEM A INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ POIS É 'PECADO'.
O pior pecado é criar crianças sem amor e transformá-las em futuros psicopatas, ou interromper a gravidez indesejada ?????"
O valor que o comentarista dá às crianças em geral pode ser bem visto no segundo e último parágrafo de seu curto comentário, onde ele diz que maior pecado que matar uma criança ainda no ventre de sua mãe é criar uma criança sem amor. Ele talvez não perceba, mas, assim como outros. ele também criou um critério extremamente vago para decidir quem deve ou não viver.
E se crianças já crescidas perderem seus pais e tiverem de ir para um orfanato? Será que o "Verdade Liberta" defenderia a sumária execução das crianças? Afinal, já que o critério é o "amor", se este for perdido...
É patético mesmo o determinismo do "Verdade Liberta" ao dizer que quem é criado sem amor torna-se um psicopata, sustentando que só isto já basta para mostrar a necessidade do aborto, que ele, como todo bom abortista, evita chamar pelo nome, preferindo muito mais o insosso e acadêmico "interrupção da gravidez".
Ele parece até pau-mandado do governador Sérgio Cabral -- que provavelmente será re-eleito --, para quem ser favelado é sinônimo de ser marginal, e que é outro ilustre defensor do aborto.
Enfim, é isto que temos tanto no Brasil quanto na França: uma penca de gente que se diz revoltada com a morte de oito crianças, o que é realmente revoltante, mas que incentiva ou se omite frente às milhões de mortes ocorridas mundo afora, que fica arrumando qualquer critério falso para aceitar a morte de bebês não-nascidos e ainda dizer que isto é pelo melhor da sociedade, das mães e até dos próprios bebês assassinados.
Quem é a favor do aborto e fica vertendo lágrimas por oito bebês friamente assassinados por sua mãe ou é uma pessoa confusa ou trata-se apenas de um mau ator que pensa que seu falso chôro vai enganar a audiência.
Mas não só não conseguem enganar ninguém como ainda mostram que abortistas são capazes de buscar oportunidades para encaixar sua distorcida visão da realidade até mesmo diante de tamanho drama.
Com abortistas é assim mesmo... Quanto maior o drama, melhor é a oportunidade para que o aborto ganhe espaço. Seja no Congresso, no interior de Pernambuco ou até mesmo na França, o que vale é utilizar todos os meios possíveis para que a Cultura da Morte avance. Onde há dor e desespero há sempre um abortista querendo aproveitar para divulgar sua solução final.
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Fontes:
BBC
The Huffington Post