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segunda-feira, setembro 07, 2009

Funeral católico para um político abortista?


O Senador Edward Kennedy, do partido Democrata dos EUA, faleceu no dia 25 de agosto passado.

O senador, de uma família tradicionalmente católica, teve um pomposo funeral que aconteceu na Catedral de Boston, dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Tal funeral tornou-se matéria de amplas discussões entre os católicos norte-americanos, devida a carreira política do senador, que atuou diretamente contra os ensinamentos da Igreja em vários e polêmicos assuntos.

O falecido senador era um conhecido militante do "direito" ao aborto, do "casamento gay", de pesquisas com células-tronco embrionárias, etc. Não é difícil imaginar o escândalo que um funeral católico para uma tal controversa figura pública acabou produzindo.

Importantes líderes Pró-Vida norte-americanos deram declarações sobre a inconveniência de tal funeral, pois tal atitude, além do escândalo causado, passa também a mensagem totalmente errada de que políticos e figuras de vida pública podem ostentar durante toda a vida suas atitudes confrontadoras ao que ensina a Igreja e, ainda assim, ter o tratamento devido a um católico que se esforçou para manter a fidelidade.

Embora a legalidade canônica do funeral seja ainda motivo de controvérsias, o fato é que o escândalo entre os fiéis foi causado. Edward Kennedy não foi apenas mais um político que apoiava o aborto, o que por si só já seria motivo de escândalo. O Senador Kennedy foi um dos líderes democratas que mais batalharam pela causa abortista nos EUA. Podemos contar que a atuação do senador foi tão profunda que até mesmo aqui no Brasil, com tantas ONGs tupiniquins funcionando como satélites de congêneres norte-americanas, também sentimos sua nefasta influência.

Em relação às pesquisas com células-tronco embrionárias e outras pesquisas polêmicas, o distanciamento de Edward Kennedy em relação à Igreja era tamanho que até mesmo o banimento da possibilidade de clonagem humana não recebeu seu voto.

Em relação à contracepção, o Senador Kennedy era igualmente um entusiasta. Assim como era do "direito" ao aborto... Um entusiasmo tão grande que Kennedy votou contra o banimento de abortos por nascimento parcial, uma coisa tão horripilante, tão abjeta -- como é qualquer tipo de aborto --, que uma pessoa tem um bocado de dificuldade de diferenciá-la de infanticídio.

Este era o Senador Kennedy... Um perfeito exemplo de tudo o que um político católico não deve ser. E foi por não concordar com um funeral católico para um político que durante toda sua carreira consistentemente se opôs ao que ensina a Igreja que o Padre Enteneuer, presidente Human Life International, dias antes do funeral, divulgou uma declaração na qual pedia que o senador não tivesse a honra de um funeral católico público.

Abaixo vai uma tradução livre desta declaração (original aqui).

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Declaração da Human Life International sobre o falecimento do Senador Edward Kennedy


Nós devemos, por preceito, rezar pela salvação de católicos heréticos como o Senador Edward Kennedy; mas não devemos louvá-lo e tampouco enaltecê-lo com as honras de um funeral católico e toda a atenção que atrai tal evento. Há bem pouco sobre a vida de Ted Kennedy que seja merecedora do ponto de vista moral ou espiritual. Ele foi provavelmente o pior exemplo de católico com atuação política que podemos pensar. Levando tudo em consideração, ele distorceu por completo o que significa ser um católico na vida pública mais do que qualquer outro líder político.


Obviamente, nós não sabemos o estado da alma do Senador Edward Kennedy pouco antes de sua morte. E nem pretendemos saber tal coisa. Ficamos sabendo por sua família que ele teve a oportunidade de confessar seus pecados perante um sacerdote, e seu pároco disse publicamente que ele estava "em paz" quando faleceu. Por isto somos gratos. Porém, uma coisa é a confissão dos pecados de uma pessoa, que é um assunto privado. E outra coisa bem diferente é a abordagem para uma pessoa que publicamente defendia a destruição de seres humanos ainda não nascidos e que não passou pelo repúdio público de tal ponto de vista, que não fez uma confissão pública, por assim dizer.


Cabe a Deus somente julgar a alma do Senador Kennedy. Nós, como pessoas racionais, devemos julgar suas ações, e suas ações não estavam de forma alguma alinhadas com as das pessoas que cuidadosamente aplicam o que a Igreja ensina em matérias importantes. O posicionamento de Ted Kennedy em uma variedade de assuntos têm sido um grave escândalo por décadas, e honrar este campeão "católico" da Cultura da Morte com um funeral católico é injusto para com aqueles que realmente pagam o preço da fidelidade. Sabemos também que o presidente Obama fará uma eulogia ao senador em seu funeral
, uma indignidade que, seguindo o padrão do fiasco de Notre Dame, deixa os fiéis católicos sentindo sua fé ser manchada, profanada e desumanizada por homens que sempre procuram oportunidades de afrontar a Igreja e o fazem com impunidade simplesmente por suas posições de importância.

Não foi suficiente para Kennedy ter sido um "grande cara fora dos holofotes" como o vimos sendo chamado até por seus oponentes políticos. Também não é louvável colocar um retórico verniz católico em suas políticas esquerdistas que nada fizeram para fazer avançar a verdadeira justiça segundo a visão da Igreja ou para avançar a paz de Cristo neste mundo. Todos os pontos da carreira do Senador Kennedy, cada aparição pública, cada atitude relevante mostrava um político acerbo, divisionista e para quem a política partidária era muito mais infalível do que a Doutrina da Igreja. Qualquer que seja a afiliação política de uma pessoa, se tal pessoa é "católica" apena até o limite permitido por seu partido, então seu catolicismo é uma fraude.

Como nos dizem as Sagradas Escrituras, há tempo para tudo debaixo do Sol. Desta forma, agora é o tempo para honestidade sobre nossa Fé e sobre aqueles que são chamados para expressá-la publicamente. Se não lembramos a nós mesmos sobre a necessidade de confissão pública para os pecados públicos tais como os dos quais o Senador Kennedy era culpado, então nós somos negligentes em nossa adesão à Fé e somos também parte do problema. Como o Papa Bento XVI nos lembrou recentemente, caridade sem verdade pode facilmente tornar-se mero sentimentalismo, e nós devemos não cair em tal erro. Um católico, ao mostrar caridade pela família, não deve ofuscar a verdade que é requerida de todos.

O Senador Kennedy deve ter um funeral privado, com a presença de sua família apenas e receber as preces da Igreja pela salvação de sua alma imortal. Sua falta não será sentida pelos não-nascidos, que foram por ele traídos inúmeras vezes, nem mesmo por nós que batalhamos para desfazer o escandaloso exemplo de catolicismo que ele deu para três gerações de norte-americanos.

Rev. Thomas J. Euteneuer

Presidente, Human Life International
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Mas o mal foi feito e, apesar de todo seu histórico como político demonstrar seu total desprezo pelos princípios da Igreja, o senador teve seu funeral católico público. O presidente Obama, que nem católico é, exatamente como previa o Pe. Enteneuer, fez uma eulogia ao senador durante o ritual, numa clara afronta às regras litúrgicas.

E o descaso com a Liturgia continuou até mesmo durante as orações, que se tornaram mais uma oportunidade para discursos políticos do que um momento para rezar pela alma do falecido. Mas talvez seja mesmo pedir muito que os admiradores e partidários do Senador Kennedy mostrassem algum respeito pela Liturgia quando não mostram nem mesmo respeito por seres humanos ainda não nascidos.

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