O
artigo do sociólogo Luiz Alberto Goméz de Souza sobre a questão da menina-mãe de Alagoinha é péssimo em todos os pontos por ele abordados. Desde a vã e inútil tentativa de tentar fazer seu público crer que o Arcebispo D. José Cardoso Sobrinho excomungou alguém -- o que é mentira, pois a excomunhão para o gravíssimo crime do aborto é automática -- até a tática ridícula de trazer chavões anti-católicos à baila como forma de sensibilizar ainda mais o público, que já está mais do que justamente sensível para casos desta natureza.
O artigo fica pior ainda quando o que lemos partiu da pena de um católico, que é como o professor se apresenta. Mas o catolicismo do sociólogo é um catolicismo peculiar... É um catolicismo que manda às favas a correção ao abordar um tema tão delicado quanto o de excomunhões. É um catolicismo que acusa um prelado de falta de compaixão sem nem antes se inteirar dos fatos que envolveram um fato delicadíssimo. É, enfim, um catolicismo que clama ser compassivo enquanto silencia sobre o final trágico que duas vidas inocentes tiveram.
É coisa muito estranha mesmo um tal catolicismo... Mas não é que tal catolicismo tem fãs?
O artigo do sociólogo recebeu alguns comentários no site
"Amai-vos", a maioria elogiando-o. Alguém consegue imaginar uma coisa destas? É escrito um artigo que prima pela falta de correção, que traz à tona um relativismo tamanho que chega ao absurdo de insinuar que a prática do aborto, que desde sempre foi matéria de sérias condenações por parte do Magistério, possa no futuro ser aceita, pois, segundo ele, o desenvolvimento doutrinário pode chegar a este ponto.
É um absurdo deste digno de elogio? Infelizmente, há gente que acha que sim.
O texto do sociólogo é uma peça que não consegue passar uma única informação que não requeira contraponto que mostre a verdade, mas que faz uma tietagem explícita de um falecido bispo, coisa que beira muito mais a idolatria do que uma saudável veneração a um sucessor dos apóstolos.
Mas é este texto absurdo, que ao invés de cerrar as fileiras junto à ortodoxia e ao cuidado demonstrado por D. José e por outros religiosos que estiveram envolvidos no doloroso caso da menina de Alagoinha, cuidado que tiveram com as três vidas que teriam seus destinos resolvidos por um crime hediondo que se seguiu a uma violência absurda do padastro da menina. Mas que nada! Quem se importa com o destino de duas crianças que foram parar em sacos plásticos após violentamente expulsas do ventre de sua mãe? O que importa mesmo é mirar na figura do bispo que teve a coragem de, enfrentando toda a mídia e ativistas de organizações abortistas, enfrentando até mesmo a flacidez de católicos de IBGE, que em momentos assim posam de verdadeiros católicos, mas que se esquecem até mesmo do mandamento "Não matarás".
É esta peça que recebe elogios?
Mas a coisa piora... E piora muito. Dentre as quatro primeiras pessoas que resolveram utilizar seu tempo para elogiar este artigo nada menos que três são padres. Sim... É isto mesmo. Três padres elogiam com palavras melosas o artigo do renomado professor, um artigo que pode fazer as alegrias de um catolicismo que se diz "progressista", mas que, na verdade é um catolicismo que mostra-se retrógrado ao ponto de relativizar a condenação ao aborto, condenação esta que já havia naquele que é considerado o primeiro catecismo da Igreja, a Didaqué.
Pois é... No afã de elogiar a patota, os "progressistas" chegaram ao ponto de negar uma doutrina moral já explicitada desde os primeiros tempos do cristianismo! E isto lá é progressismo? É, antes, o mais claro exemplo do quão retrógrado vai o pensamento de tais pessoas.
Um dos padres elogiantes chega ao ponto de escrever o seguinte:
"(...) Só quero saber quando o Vaticano vai disser a esse senhor de "frialdade no semblante" e no coração que deixe de ser arcebispo e deixe de estar na fila dos que quiseram apedrejar a mulhar adultera e que começe um tratamento de psicoánalises."
Aquele que o padre chama de "senhor de frialdade no semblante" foi o mesmo que, bem antes de importar-se em ser julgado não só pela mídia anti-católica, mas também até por seus irmãos no sacerdócio, foi dos poucos que se bateu contra tudo para preservar as vidas dos três diretamente envolvidos. E é deste corajoso bispo que o padre vem e diz que ele atiraria pedras na adúltera? Será mesmo, padre? Será que é o Arcebispo de Olinda e Recife que necessita de tratamento ou são aqueles que vivem um catolicismo que relativiza até mesmo o "Não matar"?
E um outro padre, após tecer os elogios de praxe, sai-se com esta:
"(...) que pena que muitos entendidos e formadores de consciencia pouco manifesta em algumas questões da vida, ética, moral, justiça! na nossa Igreja e sociedade! o texto bilblico apresenta a maior vitude é a Caridade! "
Sim... O padre lamenta que mais gente não siga o exemplo do sociólogo Luiz Alberto Goméz de Souza em escrever um artigo destes! É coisa para se pensar... Um arcebispo, demonstrando uma firmeza moral digna dos profetas, um prelado que não tremeu diante dos microfones que o cercavam, e que -- que isto fique claro! -- nada mais fez que explicitar a todos o que a Santa Igreja ensina, este não é digno de elogio. Para o padre comentarista parece que quem é digno de elogio, que quem é caridoso mesmo é quem esquece-se de duas crianças trucidadas sob a desculpa de que colocavam em risco a vida de sua mãe. Já o arcebispo, não; este não merece elogios, não é mesmo? Que audácia ele lutar com suas forças para preservar a vida das 3 crianças! Francamente, isto não funciona nem mesmo como aritmética.
As opiniões de comentaristas não-sacerdotes no geral vão de mal a pior. Nota-se em todas o viés meloso, uma coisa que só quem faz parte da patota pode entender. Um destes comentaristas, do alto de sua credencial de católico praticante, sai-se com esta:
"(...) Sou católico praticante e trabalho com crianças e adolescentes, muitos destes vitimados. A atitude do bispo senão ridícula, não atinge o cerne da questão. É um obtuso. Primeiro porque ser excomungado nos dias de hoje...e depois porque não mediu a extensão de sua atitude, ou melhor, mediu sim, sua soberba em querer mostrar poder e por fim ficar conhecido. A CNBB deveria avaliar com urgência a aposentadoria deste insano, antes a avalanche de debandada de fiéis para outras denominações, senão melhores, ainda mais oportunistas. "
Faltou o comentarista dizer qual o cerne da questão, pois muitos, inclusive D. José, pensavam que era a vida de três crianças... E ele ainda faz pouco caso da excomunhão. Não sei qual o tipo de catolicismo tal pessoa pode praticar, mas provavelmente é do tipo que nem mesmo entende o que seja e qual a finalidade de uma pena grave como a de excomunhão. Talvez por estar envolvido na prática deste tipo de catolicismo especialíssimo é que o comentarista ignore que a pena de excomunhão tem uma finalidade, entre outras, didática, para que tanto o pecador seja levado a compreender a gravidade de seu ato quanto os fiéis mantenham firme no coração a fealdade do ato cometido.
Mas para o comentarista nada disto importa. Seu catolicismo já decretou que excomunhões não cabem nos dias atuais! Faz sentido... O que cabe mesmo é o esquecimento de que duas crianças foram parar em sacos plásticos como meras evidências criminais. Viraram objetos... Mas quem se importa, não é mesmo? Ah, quem se importa é um D. José Cardoso Sobrinho, este mesmo que o comentarista chama de "soberbo", de "insano", que acusa buscar apenas poder, fama.
Falta lógica no comentarista... Se o arcebispo buscasse mesmo fama, seria fácil: era necessário apenas proceder exatamente como o sociólogo lhe orientasse. Ele, o arcebispo, ganharia muito. Ganharia as manchetes de jornais, ganharia elogios em sites de espiritualidade, ganharia, após sua morte, uma legião de seguidores que o idolatrariam. Ganharia muito! Provavelmente, perderia o Céu... Ah... Mas não há nada como agradar a patota "progressista"!
E falta preparo ao comentarista... A CNBB não aposenta ninguém. O comentarista pode detestar D. José até a ponta da unha, pode enviar milhares de cartas à CNBB, pode fazer campanha, criar sites, escrever artigos e tudo o mais, que nada disto adiantará, pois a CNBB não tem nada a ver com a aposentadoria de bispos.
E os comentaristas seguem... Um deles, talvez envergonhado de se dizer católico, escreve o seguinte:
"(...) Considero-me ainda católico, em parte (...)"
E é este
"católico em parte" que elogia o artigo do sociólogo! Que aconteceu ao
"ou és frio ou quente"? Estes são os católicos do "mas"... São aqueles que, sempre que aparece uma questão polêmica, talvez com medo de nadar contra a corrente, apressam-se a dizer: "Sou católico, mas...". E segue-se uma quantidade enorme de asneiras, de coisas que jamais encontraram espaço no catolicismo, de coisas que hoje em dia chegam ao ponto de relativizar a rejeição ao aborto e que acham por bem
"passar pito" -- como um dos comentaristas escreveu que seria necessário fazer com o
"bispo reacionário" -- naqueles que tem a coragem de, em praça pública, bradar contra o absurdo do aborto de duas crianças.
Mas há esperanças! Comentaristas apareceram que ficaram chocados com os absurdos que já haviam sido escritos. E, como as vozes que deveriam clamar contra os absurdos se calam, até mesmo as pedras hão de falar! O leitor Emerson José de Freitas defendeu muito bem a posição realmente católica:
"Amigos, Muito se fala em misericórdia. Mas e a misericórdia com os gêmeos que foram mortos no ventre materno!?!? Ninguém na imprensa apareceu para falar sobre isto... Se a voz do Bispo se levantou para defendê-los é logo colocado como conservador retrógrado. Em nenhum momento o Bispo foi frio com o drama da menina grávida. O problema é que a imprensa realçou apenas a questão da excomunhão e esqueceu o resto. Além disso em nehum caso o aborto é permitido pela lei brasileira, o que acontece é que em alguns casos o ato deixa de ser punível como foi o caso."
Ele lembrou muito bem! Que misericórdia é esta que escolhe quem é digno de sua atenção? Por que tantos se esquecem da misericórdia para com as crianças mortas no ventre da mãe?
E, para finalizar, o leitor Paulo de Oliveira, joga uma pá de cal no relativismo dos comentaristas:
"Artigos como este tenho lido aos montes e a maior parte fala,fala e nada fica claro. A posição fica no "morno". Acontece que Jesus mesmo disse que ou sejamos quentes ou frios, porque o morno ele vai vomitar de sua boca. E esse medo de a Igreja perder católicos? Jesus não teve esse medo quando, ao anunciar a instituição da Eucaristia, viu a multidão que queria aclamá-lo Rei, pois havia multiplicado os pães, escandalizar-se e ir embora, ficando apenas os apóstolos. E Jesus desafiou: vcs também querem ir? O resto da história sabemos. Bem, há muito relativismo nesses comentários e na condenação o arcebispo. "
É isto mesmo! Quando a coisa fica difícil é que podemos ver com quantos poderemos contar. Uns querem torcer seus princípios para agradar multidões, para engordar uma patota; outros, preferem reafirmar as verdades, mesmo que lhes custe a popularidade, mesmo que lhes restem apenas uns 12 amigos ao lado.
Eu não trocaria estes 12 por nenhuma patota... Pena que haja quem troque.