Segue carta aberta à Congregação do Verbo Divino - Verbitas.
Os links para a lista das "Católicas" pelo Direito de Decidir não estão mais funcionando.
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Revmo. Pe. Miguel Meguime, SVD, superior provincial da Congregação do Verbo Divino (Verbitas):
Na qualidade de fiéis católicos, sob o abrigo do parágrafo 3o do cânon 212 do Código de Direito Canônico, nós vimos expressar a Vossa Reverendíssima nosso repúdio e perplexidade relativamente ao fato de uma empresa controlada por essa Província Verbita, a Verbo Filmes, ter produzido um DVD para distribuição nas igrejas, durante a próxima Campanha da Fraternidade, com a participação da ONG abortista e anticristã "Católicas pelo Direito de Decidir".
Porém, nossa indignação não se cinge a este único fato, que apenas é o mais escandaloso e de nocividade mais perceptível. Quase a metade do DVD, mesmo em sua segunda edição, prestigia figuras que podem ser consideradas, no mínimo, heterodoxas. Vemos nele o sr. Fernando Altemeyer, que há pouco justificava a tentativa de suicídio de d. Luiz Cappio, bispo de Barra, um pecado ainda mais grave que o próprio aborto (ver:
http://blog.estadao.com.br/blog/guterman/?title=fernando_altemeyer_sobre_o_bispo_cappio&more=1&c=1&tb=1&pb=1). Outro é o Frei Carlos Josaphat, OP (ah, os heterodoxos envelhecem!), que contra a lei moral natural e a doutrina bimilenar da Igreja defende o uso de anticoncepcionais e diz que proibir a camisinha é um crime, caluniando como criminoso o próprio Papa (ver:
http://sistemas.aids.gov.br/imprensa/Noticias.asp?NOTCod=62925). Para completar o trio, temos o padre camiliano Léo Pessini, cujas posições sobre aborto e eutanásia são das mais ambíguas, e que é amicíssimo do abortista Volnei Garrafa. O padre Léo Pessini, mesmo não sendo médico, foi um dos responsáveis pela resolução n. 1805/2006, do Conselho Federal de Medicina, que, ao arrepio da Constituição e do Código Penal, relativizou a proteção dispensada a vida humana em seu estágio final. Graças a Deus e ao bom senso da magistratura brasileira, a Justiça Federal suspendeu a resolução homicida que o padre Pessini ajudou a elaborar (ver:
http://www.df.trf1.gov.br/inteiro_teor/doc_inteiro_teor/14vara/2007.34.00.014809-3_decisao_23-10-2007.doc ). Ainda há juízes no Brasil, pena que os autênticos sacerdotes e religiosos sejam tão poucos!
É impressionante, mas parece que para participar do DVD da Campanha da Fraternidade em Defesa da Vida é preciso ser heterodoxo, contestador do Sagrado Magistério da Igreja, e mais: ter feito algo contra a defesa da vida -- seja apoiando uma tentativa escandalosa de suicídio, seja difamando a moral sexual decorrente da natureza humana e defendida pela Igreja, seja ainda participando de procedimentos em corporações profissionais para a edição de normas contrárias ao direito natural, à Constituição do País e às leis penais.
E o pior é que isso é feito havendo tanta gente boa no Brasil, capaz de fazer uma defesa da vida muito melhor que o citado trio. Por que não se entrevistou o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, verdadeiro ícone da luta pela vida no Brasil, sempre firme apesar das duras perseguições que sofreu, que são conhecidas de todos? Por que não foi convidada a Dóris, dirigente da Associação Mulheres pela Vida, que tem um brilhante trabalho de atendimento às gestantes na Baixada Fluminense? Por que não foram ouvidos D. Estêvão Bittencourt, o padre Paulo Ricardo de Azevedo Jr. ou o professor Felipe Aquino, teólogos que são da mais escrupulosa fidelidade ao Sagrado Magistério? E o prof. Dalton Ramos, docente da USP e membro da Pontifícia Academia para Vida? Por que não zelosos representantes da hierarquia, como os bispos D. Aldo Pagotto, D. Eusébio Cardeal Scheid ou D. Roque Opperman, só para ficar em três exemplos? Tantos advogados católicos que poderiam ter feito um papel brilhante no esclarecimento dos aspectos jurídicos da questão, como os doutores Cícero Harada, Ives Gandra e Paulo Leão. Se não se queria limitar-se às portas da Igreja, e ouvir também não católicos, por que não foram convidados o advogado Celso Galli Coimbra, um dos maiores especialistas brasileiros em Biodireito, ou o escritor protestante Júlio Severo? E essa lista é meramente exemplificativa, pois são inúmeros os que, dentro ou fora da Igreja católica, travam o bom combate pela defesa dos valores da vida e da família no Brasil.
Tanta gente boa, por que foram chamar logo pessoas de ortodoxia duvidosa? A Igreja Católica no Brasil comporta uma multifária variedade de movimentos engajados na nova evangelização: o Movimento Sacerdotal Mariano, a Renovação Carismática, os Arautos do Evangelho, a Opus Dei, o Caminho Neocatecumenal, os Focolares e muitos outros. É nesses movimentos que mais bem se percebe a vitalidade do catolicismo no Brasil. Porém, a estrutura burocrática da Igreja continua dominada pela mesma panelinha exclusivista: a oligarquia esclerosada e rançosa da Teologia da Libertação, que mais adequadamente seria referida como "Ideologia da Falsa Libertação". Essa, como um cadáver insepulto, continua com seus miasmas a contaminar e viciar todas as iniciativas sadias que são feitas dentro da Igreja em prol do Evangelho da Vida, do Amor e do Trabalho. São incapazes de qualquer bem, mas sempre eficientes em obstá-lo, como se constata do affaire que estamos discutindo. Deles pode ser dito o que Nosso Senhor disse dos fariseus: «Ai de vós que fechais o Reino dos céus aos homens, pois nem vós entrais, nem deixais entrar os que o querem» (Mt 23,13).
Finalmente, é a presente para requerer a punição, preferencialmente com a demissão, do Sr. Nelson Tyski, funcionário da Verbo Filmes e responsável direto pelo convite feito às "Católicas pelo Direito de Decidir" para fazer sua propaganda abortista no DVD da Campanha da Fraternidade, como se comprova pelas seguintes ligações:
http://br.groups.yahoo.com/group/cdd-br/message/1906
http://br.groups.yahoo.com/group/cdd-br/message/1917
É um absurdo e um escândalo que este senhor, intimamente ligado a uma organização anticristã e abortista, continue trabalhando na empresa que produz vídeos para CNBB. Omitir-se e não tomar nenhuma providência é preparar a repetição desse vergonhoso acontecimento. E é tornar-se cúmplice de seus delitos.
Atenciosamente,
Rodrigo R. Pedroso
Emanuelle Carvalho Moura
William Murat.