A Campanha da Fraternidade de 2008 "Fraternidade e Defesa da Vida", embora tenha tido um começo difícil e envolta em uma grande polêmica, já deixa alguns bons frutos.
Os sabotadores infiltrados na Igreja, que tentavam sorrateiramente minar os bons propósitos de uma tão esperada campanha, devem estar rangendo os dentes com as declarações de vários bispos por todo o Brasil, que vêm demonstrando que a necessidade de defesa da vida é urgente para que não aconteça em nosso país o que aconteceu em outros.
A luta contra a mentalidade abortista, contra a Cultura da Morte, é acirrada e constante. Jamais podemos baixar nossa guarda. Lembremos do acontecido em Portugal, no qual frente a uma primeira derrota em um plebiscito apenas levou aos abortistas intensificarem seus esforços até conseguirem seus nefastos objetivos. Reverter tal situação não é impossível, mas, com certeza, mais difícil.
Aqui no Brasil temos a oportunidade de nos tornarmos um exemplo para a comunidade internacional. Frente a todas as pressões de tantos grupos que procuram se beneficiar com a liberação do aborto, temos o dever de afirmar nossas posições em defesa da vida. Temos de utilizar, primordialmente, de nossas leis, que amplamente favorecem a vida, sendo até, como já exaustivamente demonstrado, inconstitucional sequer haver qualquer projeto que tente flexibilizar o valor da vida humana.
É neste ambiente que é muito bem-vinda a CF 2008. As palavras de tantos bispos pelo Brasil afora reafirmando o valor e a sacralidade da vida humana, clamando que o direito à vida é o primeiro e fundamental de todos os direitos, são importantíssimas para despertar, principalmente nos católicos, a urgência para que cerremos nossas fileiras contra os ataques que diariamente vêm sendo desferidos pelos governantes e por grupos abortistas, que nos querem enfiar goela abaixo os ditames de uma ideologia materialista e os parâmetros gerados por pressões internacionais.
Embora nas últimas semanas tenhamos passado por momentos tensos, com sabotagens e com pessoas envolvidas em pastorais mostrando-se avessas aos ensinamentos da Igreja, penso que é importante mostrarmos também o que há de positivo, o que há de belo na Igreja. A melhor resposta aos de mente pequena e aos que querem fazer da Igreja trampolim para suas agendas pessoais ou as de seus grupelhos é mostrar-lhes a força que harmonicamente vem do alto, que vem da tradição católica de enfrentar as adversidades, mesmo quando as forças contrárias encontram-se dentro dos muros.
D. Sérgio Aparecido Colombo, Bispo de Paranavaí (PR), foi um destes pastores que, zelosos pelo seu rebanho ameaçado, profeticamente clamou:
"No Brasil, a Campanha da Fraternidade, a cada ano, nos dá elementos para uma vivência mais encarnada da Quaresma. Esse ano, com o tema: Fraternidade e defesa da vida, e o lema: “Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19), ela se constitui num grande clamor e preocupação com a vida humana: ferida, banalizada e ameaçada pelo aborto, eutanásia e outras formas de manipulação que contrariam a vontade de Deus, seu criador." (original aqui)
Já D. Orani João Tempesta, Arcebispo de Belém (PA), aborda um outro ângulo da questão, igualmente importante:
"(...) vivemos
Ao mostrar a desvalorização da vida humana por parte de tantos que se mostram tão preocupados com a natureza, em um gritante paradoxo, o arcebispo indiretamente faz-nos recordar da polêmica que foi tema da primeira mensagem neste blog, no qual o Dr. Cícero Harada mostrou o absurdo que há no Brasil, em que muitos procuram liberar o aborto enquanto a destruição de ovos de tartaruga é crime inafiançável.
Já D. Washington Cruz, Arcebispo de Goiânia, vai bem fundo na denúncia da Cultura da Morte, alvo principal da Campanha da Fraternidade deste ano:
"(...) Durante o século XX, as ideologias do nazismo e do comunismo cometeram crimes horrorosos, em nome de um programa ‘cientificamente’ organizado, em prol do super-homem, da superraça e da perfeita sociedade. Eliminaram velhos e crianças, nascidas e por nascer, gente sem voz, fracos, inocentes e sem defesa, bem como pessoas de outras raças e convicções. Aniquilaram, em nome de uma cartilha pseudo-científica, da raça ou da sociedade paradisíaca a promover, os que, então, não pensavam como eles." (original aqui)
E prossegue:
"A mentalidade abortista, a esterilização, a escravidão, o comércio de pessoas e órgãos, o mau tratamento das crianças, das mulheres, dos fracos e indefesos, a eutanásia e outras formas de manipulação da pessoa humana, são ainda seqüelas dessas estranhas ideologias a que o século XX nos habituou."
E finaliza ainda o Arcebispo:
"Como argumentava Madre Teresa de Calcutá, a santa que gastou a sua vida ao serviço dos mais pobres, “se uma mãe pode matar um filho seu, o que nos impede, a mim e a ti, de nos matarmos um ao outro”? A Igreja ousa mesmo dizer, com S. Tomás: “toda a lei constituída pelos homens tem força de lei só na medida em que deriva da lei natural. Se, ao contrário, nalguma coisa está em contraste com a lei natural, então não é lei, mas sim corrupção da lei”."
Que excelente ensinamento! Mostrando a clareza prática de uma grande santa de nossos dias ao lado do pensamento cristalino do Doutor Angélico, deixa-nos ver a permanência do ensinamento da Igreja, sua coerência através dos séculos. É esta coerência que esmaga as mesquinharias e sabotagens daqueles que, como cobras, movem-se nas sombras buscando confundir os fiéis e a população em geral.
E a palavra de Santo Tomás de Aquino é claríssima: trata-se de uma corrupção da lei um ordenamento que vai contrário à lei natural. Logicamente, é nosso dever lutar contra e não nos calarmos frente a este mal mascarado de bem.
Uma das formas mais eficientes de combater o mal é mostrá-lo sob a luz do dia, trazer à vista de todos suas mazelas, suas contradições, suas confusões. Uma outra forma, igualmente eficiente, é contribuir para que o bem seja conhecido e, desta forma, a verdade purificadora possa fazer seu trabalho nos corações dos homens.
Que estes bons frutos da CF 2008 multipliquem-se por todas as nossas dioceses e que mais vozes proféticas sejam ouvidas!
Um comentário:
Façamos, cada um de nós, a nossa parte, para que a Campanha da Fraternidade seja bem vivida em nossas paróquias.
Pax et Bonum!
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