Vivemos tempos em que o bispo presidente da comissão da CNBB à qual está subordinada a coordenadora prefere esperar que o mandato desta termine antes de afastá-la do cargo por total incompatibilidade com os princípios da Igreja.
Vivemos tempos em que um bispo pensa que o aborto é uma questão aberta na Igreja e que fechá-la trará o supremo malefício de comprometer a Campanha da Fraternidade de 2008.
Este é o ambiente em que a Igreja entrará no Tempo Quaresmal. Este é o ambiente no qual será lançada a Campanha da Fraternidade de 2008, que tem como tema "Fraternidade e Defesa da Vida".
Pelo jeito, parece que há, para dizer o mínimo, um profundo desconhecimento do que a Igreja prega sobre o assunto.
Dias atrás publicou-se aqui um post trazendo a palavra do Magistério no Concílio Vaticano II sobre o aborto. Neste concílio, o aborto foi chamado "crime abominável". Sem excessões. Sem subterfúgios.
Será que esta palavra claríssima não basta? Será que haverá gente que pense que um "crime abominável" possa se tornar um ato aceitável?
Na Igreja Católica, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, temos uma cabeça visível, o Papa. A palavra do Papa tem de ser escutada com respeito filial por todos que se considerem católicos. O Papa é o Sucessor de São Pedro, o primeiro Papa. Quando o Papa fala, é como se São Pedro falasse, pois o Papa assumiu o mesmo local hierárquico privilegiado que tinha São Pedro sobre os outros apóstolos.
Sua Santidade Bento XVI já teve oportunidade de abordar por vezes a questão da dignidade da vida. Uma das oportunidades em que ele foi mais claro em relação a este assunto foi em 30 de março de 2006, em um discurso aos participantes de um congresso promovido pelo Partido Popular Europeu. Neste discurso podemos ler o seguinte trecho:
"No que se refere à Igreja Católica, o interesse principal das suas intervenções no campo público é a tutela e a promoção da dignidade da pessoa e, por conseguinte, ela chama conscientemente a uma particular atenção aos princípios que não são negociáveis. Entre eles, hoje emergem os seguintes:
- tutela da vida em todas as suas fases, desde o primeiro momento da concepção até à morte natural;
- reconhecimento e promoção da estrutura natural da família, como união entre um homem e uma mulher baseada no matrimónio, e a sua defesa das tentativas de a tornar juridicamente equivalente a formas de uniões que, na realidade, a danificam e contribuem para a sua desestabilização, obscurecendo o seu carácter particular e o seu papel social insubstituível;
- tutela do direito dos pais de educar os próprios filhos."
Eis a palavra de Pedro. Entre os pontos NÃO NEGOCIÁVEIS está o cuidado com toda vida desde sua concepção até a morte natural. Como no texto do Concílio Vaticano II, não há excessões e nem subterfúgios. Não há questão aberta.
Esta é a palavra do Papa. Pode um católico deliberadamente não escutá-la?
2 comentários:
Se apenas não escutassem - dada a circunstância que estamos - não seria de todo mal. Pior é que não satisfeitos em ignorar tais palavras pontuais, fazem questão de desvirtuar o ensino da Igreja, de mentir deliberadamente.
O post expressa com propriedade a desolação que querem impor a Igreja no Brasil.
Termos um Congresso Internacional em Defesa da Vida. Será uma bela resposta!
Se os católicos ouvissem o Papa (a começar pelos Bispos) o mundo seria melhor. É o próprio Cristo quem garante.
"Apascenta as minhas ovelhas." (Jo 21,17)
Paz e Bem!
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