No mais recente escândalo ao qual os católicos brasileiros foram arrastados por (surpresa! surpresa!) membros de pastorais sociais, podemos ver um padre envolvido e falando o que não deve.
"O padre Valeriano Paitoni, do Instituto dos Missionários da Consolata, de São Paulo, coordena três casas de apoio e cuida de infectados que são filhos de mães portadores do HIV. Nas três unidades do instituto, são atendidas 28 crianças e jovens e, cinco deles já completaram 18 anos. Para ele, a prevenção é fundamental.
-A Igreja Católica diz que a verdadeira prevenção está nos valores evangélicos. Mas a postura de uma igreja ou religião, qualquer que seja, não pode prevalecer sobre o bom senso - diz Valeriano."
Há algo de bem errado quando um padre tenta justificar suas escolhas -- escolhas erradas -- começando com a frase "a postura de uma igreja ou religião".
Como assim, padre? Uma Igreja? Uma religião? Santo Deus! Como se a Igreja católica não fosse A Igreja, A Religião... Os dizeres do padre fazem as delícias daqueles que querem a Igreja cada vez mais dividida.
Na verdade, é difícil saber o que é pior: se a superficialidade e ligeireza do padre ao referir-se à Santa Igreja Católica como "uma igreja, uma religião" ou suas igualmente péssimas palavras afirmando que "o bom senso" estaria onde a Igreja não está.
A Igreja à qual falta "bom senso", segundo as palavras do padre, é a mesma à qual ele chama de "Una, Santa, Católica, Apostólica" quando recita o Credo. Curioso, muito curioso, é o padre chamar de Santa a mesma Igreja que ele diz não ter "bom senso" em questão de Moral. Ou o padre não concorda com o que ele próprio reza ou, concordando, segue temerariamente pelo erro. Ele mostra-se ou incoerente ou imprudente; e ambos são péssimos adjetivos para um padre.
Será mesmo preciso lembrar ao padre o peso absoluto que a autoridade da Igreja possui quando o tema é a Moral? Pelo jeito, sim. Lamentavelmente.
Mas o caso é: e isto adianta?
Padre Paitoni, em seus posicionamentos contrários ao que prega a Igreja, apenas demonstra que ferrenhamente agarra-se a seus erros, coisa que, infelizmente, parece fazer parte de seu "ministério". Não é de hoje que o padre vem sendo advertido sobre suas posições desobedientes e contrárias à Sã Doutrina.
No ano de 2000, o então Arcebispo da Cidade de São Paulo, D. Cláudio Hummes, divulgou nota na qual o Pe. Paitoni foi severamente advertido por suas irreverências. Segue a íntegra da nota.
"D. Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, aos 4/7/00
Apresentação da Nota
Um jornal de São Paulo publicou no domingo, dia 2 de julho, uma infeliz entrevista de um sacerdote que, contrariamente à doutrina da Igreja, fazia a defesa do uso de preservativos como meio de combate à Aids. Tal atitude mereceu imediata reação do zeloso pastor da Arquidiocese de São Paulo, d. Cláudio Hummes, que publicou a nota que apresentamos a seguir e que merece todo o nosso apoio, afirma o cardeal Eugênio Sales.
Nota à imprensa:
O rev. pe. Valeriano Paitoni, membro da Congregação dos Missionários da Consolata e pároco em uma das paróquias da Arquidiocese de São Paulo, deu uma entrevista, hoje publicada num dos maiores jornais de nossa cidade e do país, em que defende o uso e a distribuição de preservativo (popularmente chamado como 'camisinha') para combater o contágio da Aids, admitindo que ele mesmo faz a distribuição há mais anos. O assunto já havia merecido a atenção da Igreja e da imprensa durante um encontro promovido pela Pastoral da Saúde da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizado em Indaiatuba/SP, nos dias 13 a 16 de junho passado, no qual as teses defendidas pelo pe. Valeriano na entrevista hoje publicada haviam sido levantadas, tendo sido imediatamente rebatidas e condenadas pelo arcebispo mons. Javier Lozano Barragán, presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde, representando a Santa Sé e presente no encontro. O mesmo fez a CNBB por meio de uma nota de esclarecimento, declarando inaceitáveis tais teses, unindo-se assim à posição da Santa Sé. Diante da entrevista do pe. Valeriano, hoje publicada, e considerando a clara e reiteradamente afirmada doutrina do Papa e da Igreja, que condena o uso do preservativo/camisinha, declaro, por dever de consciência, em comunhão com o Papa e a Igreja, que é inaceitável a atitude do pe. Valeriano, defendendo o uso do preservativo e distribuindo-o.
Muitas instituições católicas dão apoio e assistência a aidéticos sem recorrer à distribuição do preservativo nem recomendando-o e, no entanto, fazem um trabalho muito válido, que merece todo meu apoio e solidariedade. A Igreja vai continuar sua obra em favor dos aidéticos. A oposição frontal e pública do pe. Valeriano contra a doutrina moral da Igreja em relação ao uso do preservativo agrava ainda mais a questão. Não posso aceitar também suas afirmações sobre a CNBB, cuja cúpula, no dizer do padre, somente por pressão do Vaticano se estaria opondo ao preservativo. Nem posso aceitar seus ataques contra determinados bispos e cardeais. Afirmo que a Igreja não está dividida entre os que defendem a lei e os que defendem a vida, como pretende o pe. Valeriano. Ao contrário, a lei da Igreja constrói a vida, tanto para este mundo como para sua salvação eterna. Esses dois aspectos são inseparáveis. Considerando que, apesar de tantas manifestações públicas, claras e recentes da Igreja, o pe. Valeriano Paitoni continua a defender publicamente suas teses e práticas, fui obrigado, com sincera dor por tratar-se de um irmão na fé e no sacerdócio, a publicar esta nota de repúdio como tentativa de correção fraterna, a qual não exclui outras providências administrativas e pastorais cabíveis para corrigir essa lamentável situação"
A nota de D. Cláudio é claríssima e dura, como convém no caso de um padre que até mesmo prestou-se ao papel de atacar bispos e cardeais. O que a Igreja ensina está explicitado de forma inequívoca no texto da nota.Pena que a "tentativa de correção fraterna" de D. Cláudio não teve efeito sobre o coração do Padre Valeriano Paitoni. Oito anos depois, cá estamos nós novamente frente a declarações escandalosas de um padre que teima em moldar a Igreja às suas vontades.
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