Há exatos 4 anos, o menino João Hélio foi trucidado, destroçado por bandidos no subúrbio do Rio de Janeiro. A comoção que se seguiu ao bárbaro assassinato foi enorme. E justificada. E, pode-se dizer, até muito positiva, pois em uma cidade e em um país que se acostumou já com crianças mortas por balas perdidas, com mulheres assassinadas em cruzamentos, com passageiros de ônibus queimados vivos, é positivo que ainda haja barbaridade que cause indignação. Sinal de que nossa sociedade não está morta. Ainda…
Mas uma coisa que estes 4 anos mostraram é que essa capacidade de se indignar vai diminuindo cada vez mais.
A capa do número da revista Veja que se seguiu à morte do menino vinha com o seguinte título em destaque: "… NÃO VAMOS FAZER NADA?"
E o que fizemos, afinal? Houve alguma mudança estrutural considerável para que a população sentisse que casos como o de João Hélio não vão mais acontecer? Uma das medidas que foi muito discutida à época do crime foi a diminuição da maioridade penal, e inúmeros políticos aproveitaram a onda, mas deu em nada. Que é ridiculamente absurdo que jovens possam votar a partir de 16 anos, mas que não possam arcar criminalmente com suas atitudes erradas, só um idiota o negaria.
Ou seja, um rapazote serve bem para votar no candidato que seus professores de Filosofia e Sociologia (sim, isto está no currículo agora) pintam em cores lindas e brilhantes durante suas "aulas", mas, caso ele resolva arrastar de carro pelas ruas um menino de 6 anos preso pelo cinto de segurança, ele deve poder fazê-lo sem que seja punido de acordo com seu crime.
Um dos assassinos, o "menor" Ezequiel, após 3 anos em uma instituição para jovens infratores, quase entrou em um programa para proteção de adolescentes ameaçados de morte. Não fosse a gritaria popular, Ezequiel estaria soltinho e mamando nas tetas do Estado.
Atualmente, segundo informações, ele está cumprindo medida sócio-educativa em regime semi-aberto por 2 anos. Ou seja, por volta de 2012 ele estará livre! Isto é Brasil.
Mas o que mais revolta é o que tivemos de ouvir e ler nos dias seguintes ao bárbaro crime. Não faltou gente, os de sempre, a falar que o crime foi cometido por todos nós, ou que devemos atacar as causas que levam a isto, ou que não devíamos buscar soluções fáceis no calor da emoção, etc. Um blablablá que faz muito sucesso nas salas de aula da UERJ ou da USP, mas que não traz de volta o menino João Hélio de volta e nem lhe faz justiça.
Um exemplo deste papo-cabeça enrolador pode ser a declaração do sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ, que chamado pelo portal G1 para dar sua opinião de especialista sobre o clamor público que pedia, entre outras coisas, a redução da maioridade penal, saiu-se com esta:
Talvez fosse o caso de se perguntar ao sociólogo se agora, passados já 4 anos, já é ou não o tempo de se buscar soluções. Talvez devêssemos perguntar a ele se seu radar civilizatório já permite que ao menos discutamos a redução da maioridade penal. Ou será que isto ainda é classificado por ele como barbaridade?
Nossa sociedade, principalmente a sociedade carioca com seus dândis politicamente corretos metidos a cosmopolitas e antenados com o progressismo mais retrógrado, há 4 anos achou por bem homenagear o menino recém falecido com uma faixa durante desfile de uma escola de samba; outra escola chegou ao máximo da benevolência ao fazer sua comissão de frente mostrar seu nome em uma coreografia.
Lindo, não? A um menino despedaçado por frios criminosos, nada como homenagear seu nome em meio a uma festa com muita gente nua, regada a muito chope, com todo mundo afetando alegria e deixando de lado qualquer limite moral. Isto, na minha opinião de não-sociólogo, é que é barbaridade!
O fato é que, passados 4 anos, Sergio Cabral foi reeleito, Lula foi reeleito (ah, sim… Dilma…) e o Rio de Janeiro continua com seus carnavais pomposos e luxuriantes. E nós aqui continuamos esperando um novo caso João Hélio acontecer.
Mas uma coisa que estes 4 anos mostraram é que essa capacidade de se indignar vai diminuindo cada vez mais.
A capa do número da revista Veja que se seguiu à morte do menino vinha com o seguinte título em destaque: "… NÃO VAMOS FAZER NADA?"
E o que fizemos, afinal? Houve alguma mudança estrutural considerável para que a população sentisse que casos como o de João Hélio não vão mais acontecer? Uma das medidas que foi muito discutida à época do crime foi a diminuição da maioridade penal, e inúmeros políticos aproveitaram a onda, mas deu em nada. Que é ridiculamente absurdo que jovens possam votar a partir de 16 anos, mas que não possam arcar criminalmente com suas atitudes erradas, só um idiota o negaria.
Ou seja, um rapazote serve bem para votar no candidato que seus professores de Filosofia e Sociologia (sim, isto está no currículo agora) pintam em cores lindas e brilhantes durante suas "aulas", mas, caso ele resolva arrastar de carro pelas ruas um menino de 6 anos preso pelo cinto de segurança, ele deve poder fazê-lo sem que seja punido de acordo com seu crime.
Um dos assassinos, o "menor" Ezequiel, após 3 anos em uma instituição para jovens infratores, quase entrou em um programa para proteção de adolescentes ameaçados de morte. Não fosse a gritaria popular, Ezequiel estaria soltinho e mamando nas tetas do Estado.
Atualmente, segundo informações, ele está cumprindo medida sócio-educativa em regime semi-aberto por 2 anos. Ou seja, por volta de 2012 ele estará livre! Isto é Brasil.
Mas o que mais revolta é o que tivemos de ouvir e ler nos dias seguintes ao bárbaro crime. Não faltou gente, os de sempre, a falar que o crime foi cometido por todos nós, ou que devemos atacar as causas que levam a isto, ou que não devíamos buscar soluções fáceis no calor da emoção, etc. Um blablablá que faz muito sucesso nas salas de aula da UERJ ou da USP, mas que não traz de volta o menino João Hélio de volta e nem lhe faz justiça.
Um exemplo deste papo-cabeça enrolador pode ser a declaração do sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ, que chamado pelo portal G1 para dar sua opinião de especialista sobre o clamor público que pedia, entre outras coisas, a redução da maioridade penal, saiu-se com esta:
"Isso seria uma resposta bárbara a um crime bárbaro que só faria aumentar a espiral da barbárie. Vejo nisso uma repercussão excessiva, apesar do caráter extremamente perturbador do crime, um raciocínio primitivo porque as pessoas estão reagindo emocionalmente. Tentar extrair políticas públicas de um caso extremo como esse é demais.”Pois é… Gente como o sociólogo Ignacio Cano achava, e provavelmente acha ainda, que o caso de um menino de 6 anos arrastado por 7 Km, tendo seu corpo destroçado na via pública, teve "repercussão excessiva". Querer que a sociedade seja protegida ou ao menos tenha como punir exemplarmente quem comete crimes de tal porte, para o sociólogo, é uma "resposta bárbara".
Talvez fosse o caso de se perguntar ao sociólogo se agora, passados já 4 anos, já é ou não o tempo de se buscar soluções. Talvez devêssemos perguntar a ele se seu radar civilizatório já permite que ao menos discutamos a redução da maioridade penal. Ou será que isto ainda é classificado por ele como barbaridade?
Nossa sociedade, principalmente a sociedade carioca com seus dândis politicamente corretos metidos a cosmopolitas e antenados com o progressismo mais retrógrado, há 4 anos achou por bem homenagear o menino recém falecido com uma faixa durante desfile de uma escola de samba; outra escola chegou ao máximo da benevolência ao fazer sua comissão de frente mostrar seu nome em uma coreografia.
Lindo, não? A um menino despedaçado por frios criminosos, nada como homenagear seu nome em meio a uma festa com muita gente nua, regada a muito chope, com todo mundo afetando alegria e deixando de lado qualquer limite moral. Isto, na minha opinião de não-sociólogo, é que é barbaridade!
O fato é que, passados 4 anos, Sergio Cabral foi reeleito, Lula foi reeleito (ah, sim… Dilma…) e o Rio de Janeiro continua com seus carnavais pomposos e luxuriantes. E nós aqui continuamos esperando um novo caso João Hélio acontecer.
E quando isto ocorrer, bastará um bando de foliões gritando o nome da vítima da vez e um monte de especialistas a dizer que temos que nos acalmar. Afinal, o importante é o samba jamais parar, não é mesmo?
Um comentário:
Terrível!
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