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sábado, novembro 18, 2006

As desventuras da Dra. Ventura V

"A posição da candidata e das instâncias que apóiam a descriminalização do aborto é, sem dúvida, pela vida. Trata-se de uma proposta de nova abordagem para uma questão candente, esta de retirar o caráter criminal da conduta para estabelecer medidas eficazes de saúde pública que garantam acesso a serviços seguros e de qualidade. Trata-se de uma medida de proteção à vida e à saúde das mulheres. A oportunidade criada pela descriminalização do aborto é de ver reduzida sua prática e ampliado o acesso aos métodos e informações sobre contracepção, numa abordagem já adotada em vários países, demonstrando sua eficácia nas taxas de mortalidade e morbidade feminina por esta causa."

É bom que se note que, nos últimos parágrafos, a advogada deixa totalmente de lado qualquer (pseudo?) argumentação sobre aquilo que seria o tema de seu artigo. O que podemos ver neste e em parágrafos anteriores é a migração de um discurso que seria sobre liberdade de expressão para um outro que agora quer apenas versar sobre uma suposta necessidade da descriminalização do aborto para que o número de mortes maternas seja reduzido.

Uma coisa que salta aos olhos de quem lê este parágrafo é que o foco de sua (pseudo?) argumentação é totalmente direcionado para o aborto como questão apenas de saúde pública e para figura da mãe. Repare-se que em momento algum ela dá relevo ao nascituro, tenha ele 9 dias, 9 semanas ou até mesmo 9 meses. Para ela, a única coisa que importa é a vida da mãe. Em uma situação tão absurdamente desequilibrada, ao nascituro é negado o status de "ser humano", tornando-se apenas uma coisa que pode ser eliminada pela única vontade de sua proprietária.

Mas batalhemos um pouco no campo escolhido pela autora do artigo...

Diz a advogada que a descriminalização do aborto poderia ajudar a garantir acesso da população a um procedimento fosse feito de forma segura e com qualidade. Pois bem, por que tantos defensores do aborto não lutam para que a população de baixa renda, que eles dizem defender, tenham possibilidade de ter acesso a um serviço pré-natal de qualidade? Por que jamais vi "feminista" alguma fazendo lobby junto a congressistas para que uma mulher carente tenha garantido seu acesso a serviços de qualidade durante a gravidez? Por que, já que elas se dizem "pró-escolha" (um baita eufemismo...), jamais elas se ocupam espaço na mídia para orientar as mulheres sobre a importância de acompanhamento médico? É mais ou menos assim: estes grupos querem proteger a vida das mulheres que querem optar pelo aborto, mas jamais lhes ocorre que a vida destas mesmas mulheres podem ser protegidas através de orientação, de acompanhamento médico, psicológico, da melhora de condições de vida em geral, etc. Deve ser porque isto tudo dá muito trabalho, é bem mais fácil lidar apenas com a conseqüência e liberar o aborto.

Ou seja, tais pessoas gostam de se dizerrm "pró-escolha" desde que a tal escolha seja pelo aborto. Porém, se a escolha for pela gravidez, pelo bebê, as mulheres carentes podem esquecer do apoio de tais grupos. Para tais grupos, a luta por segurança e qualidade só faz sentido se for para eliminar o nascituro.

Diz mais a autora... Argumenta que a descriminalização do aborto levaria à sua redução, assim como seria ampliado o acesso aos métodos de contracepção. Não tenho a menor idéia como alguém possa chegar a uma conclusão destas, pois os fatos mostram o contrário. Nos E.U.A., após a liberação desta abominável prática, houve um verdadeiro "boom" abortista. Atualmente, na Espanha, a cada ano é maior o número de abortos. Nem é preciso muito raciocínio para que se entenda que este aumento no número de abortos é em virtude do aumento do número de concepções. Resumindo: não só o número de abortos aumenta, como também há um relaxamento quanto a práticas contraceptivas. A advogada erra nas duas frentes.

Voltando ao início deste parágrafo equivocado - mais um... - podemos ver que a doutora tenta passar a idéia de que a deputada e os grupos que apóiam a liberação do aborto assim o fazem por uma posição "pela vida". Ok... Mas de qual vida estamos falando mesmo? A Dra. Ventura simplesmente deixa de lado o que vai no ventre das mães, como se nada fosse. Mas, então, a partir de qual momento o nascituro, para tais pessoas, passa a valer como uma vida humana? Seria quando completasse 12 semanas, por exemplo? Então, basicamente, se uma mãe corresse para uma destas "clínicas" e fizesse um aborto de um nascituro com 11 semanas e 6 dias tudo estaria bem? Aliás, o que aconteceria neste momento mágico antes de completar 12 semanas que torna, subitamente, o que era uma coisa (para os abortistas) em um ser humano? E se o médico cometesse um erro na conta de quantas semanas teria o bebê e a mãe tivesse abortado seu filho de 13 semanas? O médico seria processado por homicídio? Ora...

O caso é que a única posição aceitável em todo este caso não é "pela vida", mas, sim, "pelas vidas", tanto da mãe quando de seu filho.

(Continua...)

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