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segunda-feira, novembro 04, 2013

Supremo Abortista

Luís Roberto Barroso, sendo aplaudido no dia de sua posse

"(...) o único valor da proposta de lei sobre o aborto com indicação embriopática (...) a partir do ângulo da integridade e autonomia das mulheres, reside no fato de ampliar o leque de possibilidades de abortamento, como etapa tática para alcançar, dentro de uma estratégia de luta, a liberação mais ampla dos casos permitidos na lei para a interrupção da gravidez."

O trecho acima foi retirado da revista Estudos Feministas (no. 0, volume 0), do artigo de Leila de Andrade Linhares Barsted, "Legalização e descriminalização do aborto no Brasil - 10 anos de luta feminista". Barsted citava a feminista Danda Prado. Esta publicação data do ano de 1992.

Vejamos agora o que declarou o mais novo juiz do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso em recente entrevista ao jornal O Globo:

"(...) no caso de anencefalia, se você ouvir a minha sustentação final (como advogado) e os memoriais finais que apresentei em nome da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, a tese que eu defendia era a da liberdade reprodutiva da mulher. Portanto, a mulher tem o direito fundamental a escolher se ela quer ou não ter um filho. E esta tese vale para a anencefalia, como vale para qualquer outra gestação."

O ministro parece ter aprendido bem com a feminista Danda Prado. Para aquela, assim como para este, todo o drama que advém de gestações de bebês com anencefalia é mera oportunidade de instrumentalização para a liberação total do aborto. Só isto; nada mais. Todo aquele papo de preocupação com mulheres que passam por este drama é, como dito pela feminista, "etapa tática" para a liberação do aborto.

É isto que temos... Vermos um juiz recém-nomeado para a mais alta côrte nacional admitindo esta instrumentalização descarada do drama de muitas mulheres, faz-nos antever o fundo do poço cada vez mais próximo para o Brasil. 

O tema da gravidez de bebês com anencefalia é tão delicado que há até mesmo gente que se declara contrária ao aborto e que erroneamente o defende em tais casos. Apenas isto basta para ver o quanto o assunto é difícil e dramático. Mas para os militantes abortistas, nos quais podemos incluir o ministro Luís Roberto Barroso a coisa não parece ser bem assim... Para ele, como parecia para a feminista Danda Prado há mais de 20 anos, isto não é drama coisa nenhuma, é apenas um passo a ser dado para a necessária flexibilização dos corações e mentes do povo brasileiro, que majoritariamente rejeita o aborto.

E se claramente existe o desprezo pela situação dramática de muitas famílias e mães durante uma gravidez deste tipo, é de notar também o desprezo pela própria população ao ser utilizado um subterfúgio, uma "etapa tática", para alavancar a liberação total e irrestrita do aborto.

Não é preciso rios de empatia para que alguém possa imaginar a angústia de um casal ao se deparar com um diagnóstico de anencefalia de seu filho ainda não nascido, mas são necessárias doses cavalares de maquiavelismo, de frieza, de desprezo pelo drama alheio e de puro cálculo para instrumentalizar a dor de famílias que passam por tal sofrimento.

Causa surpresa que um indicado pela presidente Dilma Rousseff para o STF confesse à luz do dia uma coisa que talvez fizesse corar até mesmo um dono de bordel? Não, não causa... Quando a sujeira vai tomando conta de tudo, as baratas vão ficando mais ousadas. E isto só indica que o aborto é o sintoma de algo que vai muito mais além, de algo muito mais profundo e perturbador que nos vem atingindo diariamente.


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