Mais destaques abaixo:
"ZENIT: Como defender a dignidade do embrião do ponto de vista científico?Mais pode ser lido aqui.Dom Ignacio Carrasco: O problema não é científico; desse ponto de vista, está muito defendido. O problema é a natureza fundamentalmente sociopolítica e ideológica e, contra isso, os argumentos científicos não têm peso. É um âmbito no qual o que conta é o poder e se quem tem o poder não tem nenhuma intenção de dialogar ou, pelo menos refletir um pouco, não há muito o que fazer.
Ou seja, no final, o que resta é a arma política, e a arma política que os cidadãos de hoje possuem é limitada. Os que conhecem a política podem fazer muito mais e esta é a sua gravíssima responsabilidade. Usando uma linguagem do futebol, poderíamos dizer que a bola está com o adversário. Estudos científicos é o que temos, mas quem toma as decisões não escuta. Tudo se reduz a direitos humanos, mas entendidos de uma forma que qualquer realidade se converte em um direito humano. Eu não sei quando chegaremos ao direito de roubar, mas por trás dessas leis o que existe é uma lógica relativista.
ZENIT: E do ponto de vista teológico e espiritual?
Dom Ignacio Carrasco: Um dos problemas que temos com relação ao embrião é que não se vê. Mais do que de embrião, devemos falar de criança, que está na fase inicial do seu desenvolvimento. Pelo fato de que nós não o percebemos, está em uma situação de tremendo perigo, em um tremendo risco.
A defesa do embrião precede a própria mentalidade cristã. Isso não quer dizer que ninguém pensava em abortar; o pecado existe desde sempre. Todos nós sabemos que não se pode roubar e, no entanto, em muitas culturas e em todos os tempos, houve roubos. O cristão toma consciência de que essa criatura é a imagem de Deus, tem a consciência de que é uma presença da ação divina.
De alguma maneira, as criaturas no início da vida são como uma espécie de lembrança do que é a ação de Deus no mundo entre os homens, quem atua muitas vezes sem que nós percebamos, porque o que às vezes percebemos é a maldade dos homens e não a bondade de Deus. Ele poderia efetivamente paralisar um assassino antes de que mate uma vítima, mas não o faz porque seu amor funciona de outra maneira."
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