Os mestres de hoje são diferentes. Só são assim chamados os que possuem o título. É justo, é justo... Eles estudaram para tal e não querem ser confundidos com a professorinha que sua diariamente para ensinar a ler e escrever aos seus alunos, muitas vezes em péssimas condições de trabalho. Os de hoje buscam mais é impor a sua agenda aos alunos e à população em geral, distorcendo fatos, usando e abusando de argumentos de autoridade - a autoridades deles, lógico. De indivíduos responsáveis por abrir os horizontes da juventude e da população, os novos "mestres" tornaram-se apenas doutrinadores que se comportam como simples recrutadores de agentes para suas causas.
Foi um destes novos "mestres", o sr. Alexandre de Oliveira Kappaun, que é Mestre em Estudos de Gênero pela Central European University, que escreveu um artigo sobre a questão do aborto para o JB. O título, panfletário como só poderia ser, é "Pela legalização do direito ao aborto". Caso alguém deseje lê-lo, clique aqui. De qualquer forma, todo o artigo vai abaixo picotado e em vermelho.
Mundo idealizado
Assim começa o artigo:
"É importante deixar claro que defender a legalização do direito ao aborto é diferente de fazer uma apologia do aborto como medo contraceptivo. O aborto não deve ser visto como método anticoncepcional, como é o caso da pílula, da camisinha e de outros contraceptivos. É claro que, paralelo à legalização do aborto, devemos, como sociedade, tornar mais acessível à população brasileira os métodos anticoncepcionais ''tradicionais''. O direito ao aborto deveria ser exercido, em último caso, quando houvesse uma gravidez indesejada."
Foi um destes novos "mestres", o sr. Alexandre de Oliveira Kappaun, que é Mestre em Estudos de Gênero pela Central European University, que escreveu um artigo sobre a questão do aborto para o JB. O título, panfletário como só poderia ser, é "Pela legalização do direito ao aborto". Caso alguém deseje lê-lo, clique aqui. De qualquer forma, todo o artigo vai abaixo picotado e em vermelho.
Mundo idealizado
Assim começa o artigo:
"É importante deixar claro que defender a legalização do direito ao aborto é diferente de fazer uma apologia do aborto como medo contraceptivo. O aborto não deve ser visto como método anticoncepcional, como é o caso da pílula, da camisinha e de outros contraceptivos. É claro que, paralelo à legalização do aborto, devemos, como sociedade, tornar mais acessível à população brasileira os métodos anticoncepcionais ''tradicionais''. O direito ao aborto deveria ser exercido, em último caso, quando houvesse uma gravidez indesejada."
No mundo de idealizado do Sr. Kappaun, talvez o aborto não seja visto como método anticoncepcional. Nós aqui do mundo real bem sabemos que, além de ser inaceitável sob qualquer ótica (religiosa, moral, etc.), o aborto é largamente usado como método anticoncepcional. E para sermos bem honestos, bem mesmo, o autor escorrega feio na última frase deste parágrado, pois apesar de iniciá-lo como uma simples defesa do aborto como um suposto "direito", ele mesmo se contradiz ao dizer que o tal "direito" deve ser exercido em último caso. Ou seja, ele mesmo admite que o aborto é o "último dos últimos" (segundo a sua ótica de "contos-de-fadas",claro) dentre os métodos anticoncepcionais. Faltou o "mestre" dizer que o aborto JAMAIS pode ser um método anticoncepcional, pois a concepção já aconteceu!
Fora homens!!
"Nós, homens, seja individual ou coletivamente, seja através de ''nossas'' instituições patriarcais (Igreja, Estado etc.), já interferimos demais na sexualidade e nos direitos reprodutivos das mulheres. Inúmeros Estados adotaram políticas pró-natalistas para determinados grupos étnicos ou anti-natalistas, para outros. Um exemplo é o caso recente da Eslováquia, que vem sendo acusada de esterilizar mulheres ciganas, ao passo que as mulheres eslovacas seriam incentivads a terem filhos. Em países como a China e a Índia, dentre tantos outros, mulheres são ''obrigadas'' a abortar os fetos do sexo feminino, devido a pressões socio-culturais, enquanto são obrigadas a gerarem meninos para os seus maridos. Já não estaria na hora de deixarmos as mulheres decidirem o que querem fazer com a sua sexualidade, com os seus corpos, em suma, com os seus direitos reprodutivos?"
Fora homens!!
"Nós, homens, seja individual ou coletivamente, seja através de ''nossas'' instituições patriarcais (Igreja, Estado etc.), já interferimos demais na sexualidade e nos direitos reprodutivos das mulheres. Inúmeros Estados adotaram políticas pró-natalistas para determinados grupos étnicos ou anti-natalistas, para outros. Um exemplo é o caso recente da Eslováquia, que vem sendo acusada de esterilizar mulheres ciganas, ao passo que as mulheres eslovacas seriam incentivads a terem filhos. Em países como a China e a Índia, dentre tantos outros, mulheres são ''obrigadas'' a abortar os fetos do sexo feminino, devido a pressões socio-culturais, enquanto são obrigadas a gerarem meninos para os seus maridos. Já não estaria na hora de deixarmos as mulheres decidirem o que querem fazer com a sua sexualidade, com os seus corpos, em suma, com os seus direitos reprodutivos?"
Aqui o autor tenta infantilmente alijar os homens da discussão. É mais ou menos como se ele dissesse que o problema de repressão a seqüestros é lá com os seqüestrados e seqüestradores, nada tendo a ver com o restante da população. Ou como se na Alemanha nazista o "problema judaico" fosse apenas dos judeus. Isto de ficar particionando a sociedade para impor argumentos só leva a distorções e só traz problemas gravíssimos no futuro, além do que questões relativas à vida são de interesse de TODA a sociedade. Está na hora, sim, de cobrarmos dos governos que às famílias, às mulheres sejam dadas condições de criarem bem seus filhos, com saúde, educação, alimentação, etc. O fato é que esta discussão passa, necessariamente, pelo status que se dá ao fruto da concepção, e é exatamente isto que o Sr. Kappaun evita neste curto artigo. Os Pró-Vida, como nós, jamais evitam esta questão e afirmamos sem qualquer dúvida que o embrião é já um ser humano com o mesmo direito à vida como qualquer um de nós.
"A comunidade internacional, a partir de uma ampla discussão realizada no âmbito da ONU durante as conferências mundiais de População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) e da Mulher (Beijing, 1995), reconheceu que o aborto é uma questão de saúde pública e de direito reprodutivo. A partir deste reconhecimento podemos afirmar que o direito ao aborto é um direito supra-estatal. Hoje, mais de 60% da população mundial vivem em países que respeitam este direito. Os países nórdicos, por exemplo, os mais avançados em termos de direitos sociais, há muito já garantem este direito à sua população feminina. Seriam, então, as mulheres brasileiras ''cidadãs mundiais'' de segunda classe, com menos direitos?"
Eu gostaria de ver demonstrado este argumento do Sr. Kappaun... Direito ao aborto é um direito supra-estatal? As "feministas" que se reuniram em Beijing podem bater o pé, fazer beicinho, chamar o síndico, dar "pití" e mesmo assim não vão conseguir impor sua agenda às nações. Já que o autor sentiu-se à vontade em invocar questões de Política Internacional para pseudo-argumentar, talvez ele devesse ler algo do que o admirável defensor da causa Pró-Vida, Dr. Ives Gandra Martins, tem escrito. Já foi demonstrado à exaustão, pelo Dr. Gandra Martins, que o Brasil tem, em sua Constituição, como cláusula pétrea, o dever de cumprimento de acordos internacionais assinados. Pois bem, o Brasil é Signatário do Pacto de São José da Costa Rica, que considera o início da vida a partir da concepção. Invocar um suposto direito supra-estatal para burlar a Constituição é coisa meio bizarra a meu ver.
Questão polêmica?
"O direito à vida do nascituro é uma questão polêmica nos meios científicos e filosóficos. Mesmo admitindo que a vida começasse no momento da fecundação (o que não é uma unanimidade), que critérios caracterizariam a vida humana? Na verdade, a vida humana caracteriza-se por autoconsciência, subjetividade, capacidade de comunicação e raciocínio. Será que o feto já possuiria algum destes atributos?"
O direito à vida é uma questão "polêmica"??? Eu pensava que a questão realmente polêmica fosse, na verdade, o momento em que se inicia a vida. Aliás, até mesmo esta questão só é polêmica para quem quer que assim seja. Os que olham para a questão com uma mente aberta vêem que logicamente só faz sentido que a vida comece na fecundação. Os que advogam que não é assim é que ficam com o ônus de demonstrar em qual momento mágico, após a fecundação, ocorre o início da vida. Até hoje estão devendo tal demonstração. As tais características que o autor elenca como as de uma vida humana me traz à mente o terrível caso de Terry Schiavo. Foi pela alegada falta de algumas destas "características" que decidiram matar por inanição um ser humano. Deus queira que o Sr. Kappaun não tenha jamais que decidir o que fazer com um parente seu que estiver em coma, que jamais tenha um filho com necessidades especiais. Temo pelo que aconteceria em casos assim.
Alhos com bugalhos...
"Seria o direito à vida um valor absoluto? Não vemos muitas situações nas quais seres humanos abdicam do seu próprio direito à vida em prol de uma causa que crêem maior? Há pouco tempo tivemos um bispo católico que estava disposto a morrer para evitar a transposição do rio São Francisco. Mas, pode-se argumentar que este tipo de sacrifício é voluntário, o que não ocorre no caso de aborto. E quando soldados são enviados para a guerra? Foram, todos eles, voluntariamente? Não seria a guerra, esta sim, um morticínio, já que estes ''não-voluntários'' possuem plenamente autoconsciência, subjetividade, capacidade de comunicação e de raciocínio? Entretanto aceita-se com naturalidade as guerras, mas não o aborto!"
Alhos com bugalhos é pouco... E o autor ainda é "Mestre em Estudos de Gênero"?? O pseudo-argumentar é uma das maiores tentações dos dias atuais. Todos têm opiniões, o que é normal. O anormal é ter opiniões sem quaisquer fundamentos, isto é que é grave. Falar "é isto que acho e danem-se os demais" só serve em discussões infantis. Primeiramente o Sr. Kappaun compara o morticínio de seres humanos ainda não nascidos à voluntariedade de alguns que sacrificam suas vidas. A tempo ele nota que tal afirmação é facilmente contra-argumentada. Ok, muito bem. Só que foi patética a emenda do soneto. Ficar comparando seres humanos ainda não nascidos com soldados enviados a guerra é coisa que foge a qualquer entendimento sadio. Argumentar como o autor nos levaria à conclusão, por ele não desejada, que nos EUA o aborto deveria ser proibido imediatamente pelo simples fato de que lá as Forças Armadas são profissionais e os soldados são voluntários.
Os "mestres" lêem best-sellers da moda!
"Steven Levitt, o autor de Freakonomics, conseguiu demonstrar que a legalização do aborto nos Estados Unidos levou, indiretamente, a uma redução da criminalidade e a uma melhora na qualidade de vida da sociedade norte-americana. Não seria melhor que optássemos por ''qualidade de vida'', ao invés de ''quantidade de vidas''? Na própria Bíblia não está escrito que ''mais feliz é aquele que não chegou a nascer'' (Ecl 4,2-3)? É claro que, num Estado laico, não deve caber à Bíblia o poder de legislar! A questão da legalização do direito ao aborto deve ser vista e debatida na sua justa medida: um importante passo rumo a uma melhor qualidade de vida para brasileiras e brasileiros!"
Pois é... O Sr. Kappaun pegou um suplemento literário de um grande jornal qualquer, viu que o livro de Steven Levitt estava nas primeiras posições em vendagem e foi lá comprar. Imagino que deve ter ficado maravilhado com a demonstração que o Sr. Levitt faz da tal queda da criminalidade ocorrida após a legalização do aborto. Só que o Sr. Kappaun, o "mestre", "esqueceu-se" de ir atrás de outras fontes que contestam a tal demonstração de Steven Levitt. Fizesse ele um pouquinho de esforço, uma simples pesquisa no Google ou coisa parecida, ele saberia que vários pesquisadores contestaram as afirmações do Sr. Levitt e não acharam a tal relação entre aborto e criminalidade. Alguns outros pesquisadores apontaram para o fato de a queda da criminalidade coincidir com o domínio das autoridades policiais sobre a praga do "crack", que grassou entre os jovens nas maiores cidades norte-americanas. Cientistas como Theodore Joyce (National Bureau of Economic Research) e Alfred Blumstein (Criminologista - Carnegie Mellon University) vêem nenhuma ou bem pouca influência da legalização do aborto. O Sr. Kappaun, o "mestre", não deu pelota para outros pesquisadores que têm pensamento contrário ao de Steven Levitt. Talvez ele pense que um autor de best-seller, diga o que disser, deva estar certo de qualquer maneira.
Agora, o golpe baixo veio exatamente quando o autor tenta utilizar-se da Bíblia para justificar o aborto. Um absurdo que o Sr. Kappaun pesque um versículo soltíssimo e o adapte à sua nefasta tese. Ele pega um trecho de expressiva melancolia, estilo característico de certos trechos das Sagradas Escrituras, e que versa sobre as agruras que o homem passa neste mundo, mas que serve para os fiéis como contraste com a paz, a tranqüilidade do paraíso celeste. Nosso "mestre" transforma tal trecho em um simples modo de afirmar seus obscuros objetivos. Melhor faria se continuasse a citar os Steven Levitts da vida... Continuasse o autor lendo a Bíblia algumas páginas à frente, no mesmo Livro do Eclesiastes, ele poderia se deparar com o seguinte: "O homem não é senhor de seu sopro de vida, nem é capaz de o conservar. Ninguém tem poder sobre o dia de sua morte, nem faculdade de afastar esse combate; e o crime não pode salvar o criminoso."(Ecl 8, 8). Se o homem, segundo a Bíblia, não é senhor nem de seu "sopro de vida", seria do de outrem? Só mesmo um "mestre" para concluir que sim. O Sr. Kappaun só acha bom citar trechos soltos que o ajudem, mesmo que seja distorcendo o seu sentido.
Deus nos livre destes falsos mestres!
Constituição Brasileira e "Direito Supra-Estatal"
"A comunidade internacional, a partir de uma ampla discussão realizada no âmbito da ONU durante as conferências mundiais de População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) e da Mulher (Beijing, 1995), reconheceu que o aborto é uma questão de saúde pública e de direito reprodutivo. A partir deste reconhecimento podemos afirmar que o direito ao aborto é um direito supra-estatal. Hoje, mais de 60% da população mundial vivem em países que respeitam este direito. Os países nórdicos, por exemplo, os mais avançados em termos de direitos sociais, há muito já garantem este direito à sua população feminina. Seriam, então, as mulheres brasileiras ''cidadãs mundiais'' de segunda classe, com menos direitos?"
Eu gostaria de ver demonstrado este argumento do Sr. Kappaun... Direito ao aborto é um direito supra-estatal? As "feministas" que se reuniram em Beijing podem bater o pé, fazer beicinho, chamar o síndico, dar "pití" e mesmo assim não vão conseguir impor sua agenda às nações. Já que o autor sentiu-se à vontade em invocar questões de Política Internacional para pseudo-argumentar, talvez ele devesse ler algo do que o admirável defensor da causa Pró-Vida, Dr. Ives Gandra Martins, tem escrito. Já foi demonstrado à exaustão, pelo Dr. Gandra Martins, que o Brasil tem, em sua Constituição, como cláusula pétrea, o dever de cumprimento de acordos internacionais assinados. Pois bem, o Brasil é Signatário do Pacto de São José da Costa Rica, que considera o início da vida a partir da concepção. Invocar um suposto direito supra-estatal para burlar a Constituição é coisa meio bizarra a meu ver.
Questão polêmica?
"O direito à vida do nascituro é uma questão polêmica nos meios científicos e filosóficos. Mesmo admitindo que a vida começasse no momento da fecundação (o que não é uma unanimidade), que critérios caracterizariam a vida humana? Na verdade, a vida humana caracteriza-se por autoconsciência, subjetividade, capacidade de comunicação e raciocínio. Será que o feto já possuiria algum destes atributos?"
O direito à vida é uma questão "polêmica"??? Eu pensava que a questão realmente polêmica fosse, na verdade, o momento em que se inicia a vida. Aliás, até mesmo esta questão só é polêmica para quem quer que assim seja. Os que olham para a questão com uma mente aberta vêem que logicamente só faz sentido que a vida comece na fecundação. Os que advogam que não é assim é que ficam com o ônus de demonstrar em qual momento mágico, após a fecundação, ocorre o início da vida. Até hoje estão devendo tal demonstração. As tais características que o autor elenca como as de uma vida humana me traz à mente o terrível caso de Terry Schiavo. Foi pela alegada falta de algumas destas "características" que decidiram matar por inanição um ser humano. Deus queira que o Sr. Kappaun não tenha jamais que decidir o que fazer com um parente seu que estiver em coma, que jamais tenha um filho com necessidades especiais. Temo pelo que aconteceria em casos assim.
Alhos com bugalhos...
"Seria o direito à vida um valor absoluto? Não vemos muitas situações nas quais seres humanos abdicam do seu próprio direito à vida em prol de uma causa que crêem maior? Há pouco tempo tivemos um bispo católico que estava disposto a morrer para evitar a transposição do rio São Francisco. Mas, pode-se argumentar que este tipo de sacrifício é voluntário, o que não ocorre no caso de aborto. E quando soldados são enviados para a guerra? Foram, todos eles, voluntariamente? Não seria a guerra, esta sim, um morticínio, já que estes ''não-voluntários'' possuem plenamente autoconsciência, subjetividade, capacidade de comunicação e de raciocínio? Entretanto aceita-se com naturalidade as guerras, mas não o aborto!"
Alhos com bugalhos é pouco... E o autor ainda é "Mestre em Estudos de Gênero"?? O pseudo-argumentar é uma das maiores tentações dos dias atuais. Todos têm opiniões, o que é normal. O anormal é ter opiniões sem quaisquer fundamentos, isto é que é grave. Falar "é isto que acho e danem-se os demais" só serve em discussões infantis. Primeiramente o Sr. Kappaun compara o morticínio de seres humanos ainda não nascidos à voluntariedade de alguns que sacrificam suas vidas. A tempo ele nota que tal afirmação é facilmente contra-argumentada. Ok, muito bem. Só que foi patética a emenda do soneto. Ficar comparando seres humanos ainda não nascidos com soldados enviados a guerra é coisa que foge a qualquer entendimento sadio. Argumentar como o autor nos levaria à conclusão, por ele não desejada, que nos EUA o aborto deveria ser proibido imediatamente pelo simples fato de que lá as Forças Armadas são profissionais e os soldados são voluntários.
Os "mestres" lêem best-sellers da moda!
"Steven Levitt, o autor de Freakonomics, conseguiu demonstrar que a legalização do aborto nos Estados Unidos levou, indiretamente, a uma redução da criminalidade e a uma melhora na qualidade de vida da sociedade norte-americana. Não seria melhor que optássemos por ''qualidade de vida'', ao invés de ''quantidade de vidas''? Na própria Bíblia não está escrito que ''mais feliz é aquele que não chegou a nascer'' (Ecl 4,2-3)? É claro que, num Estado laico, não deve caber à Bíblia o poder de legislar! A questão da legalização do direito ao aborto deve ser vista e debatida na sua justa medida: um importante passo rumo a uma melhor qualidade de vida para brasileiras e brasileiros!"
Pois é... O Sr. Kappaun pegou um suplemento literário de um grande jornal qualquer, viu que o livro de Steven Levitt estava nas primeiras posições em vendagem e foi lá comprar. Imagino que deve ter ficado maravilhado com a demonstração que o Sr. Levitt faz da tal queda da criminalidade ocorrida após a legalização do aborto. Só que o Sr. Kappaun, o "mestre", "esqueceu-se" de ir atrás de outras fontes que contestam a tal demonstração de Steven Levitt. Fizesse ele um pouquinho de esforço, uma simples pesquisa no Google ou coisa parecida, ele saberia que vários pesquisadores contestaram as afirmações do Sr. Levitt e não acharam a tal relação entre aborto e criminalidade. Alguns outros pesquisadores apontaram para o fato de a queda da criminalidade coincidir com o domínio das autoridades policiais sobre a praga do "crack", que grassou entre os jovens nas maiores cidades norte-americanas. Cientistas como Theodore Joyce (National Bureau of Economic Research) e Alfred Blumstein (Criminologista - Carnegie Mellon University) vêem nenhuma ou bem pouca influência da legalização do aborto. O Sr. Kappaun, o "mestre", não deu pelota para outros pesquisadores que têm pensamento contrário ao de Steven Levitt. Talvez ele pense que um autor de best-seller, diga o que disser, deva estar certo de qualquer maneira.
Agora, o golpe baixo veio exatamente quando o autor tenta utilizar-se da Bíblia para justificar o aborto. Um absurdo que o Sr. Kappaun pesque um versículo soltíssimo e o adapte à sua nefasta tese. Ele pega um trecho de expressiva melancolia, estilo característico de certos trechos das Sagradas Escrituras, e que versa sobre as agruras que o homem passa neste mundo, mas que serve para os fiéis como contraste com a paz, a tranqüilidade do paraíso celeste. Nosso "mestre" transforma tal trecho em um simples modo de afirmar seus obscuros objetivos. Melhor faria se continuasse a citar os Steven Levitts da vida... Continuasse o autor lendo a Bíblia algumas páginas à frente, no mesmo Livro do Eclesiastes, ele poderia se deparar com o seguinte: "O homem não é senhor de seu sopro de vida, nem é capaz de o conservar. Ninguém tem poder sobre o dia de sua morte, nem faculdade de afastar esse combate; e o crime não pode salvar o criminoso."(Ecl 8, 8). Se o homem, segundo a Bíblia, não é senhor nem de seu "sopro de vida", seria do de outrem? Só mesmo um "mestre" para concluir que sim. O Sr. Kappaun só acha bom citar trechos soltos que o ajudem, mesmo que seja distorcendo o seu sentido.
Deus nos livre destes falsos mestres!
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