Na semana que passou, em que comemoramos a importantíssima Solenidade de Corpus Christi, dois bispos argentinos pronunciaram incisivos sermões contrários ao aborto.
O bispo de Mar del Plata, D. Antonio Marino, assim disse em seu sermão durante a celebração da importante data:
O bispo de Mar del Plata, D. Antonio Marino, assim disse em seu sermão durante a celebração da importante data:
"junto com o legítimo clamor pelos direitos humanos, não nos esqueçamos jamais de levantar nossa voz em defesa do primeiro e mais fundamental destes direitos: o direito à vida desde sua concepção até seu fim natural, que hoje é ameaçado por projetos de leis que em nossa pátria fomentam a Cultura da Morte."
E, mais adiante:
"Quero que em nossa diocese seja implementada uma ação decidida de atenção e socorro eficaz a toda mulher que por qualquer circunstância encontre-se com uma gravidez indesejada. A Igreja não apenas denuncia o que vai mal, mas também compromete-se com a promoção do bem de acordo com suas possibilidades"
E o bispo de San Francisco, D. Carlos José Tissera, seguiu também a mesma linha durante a celebração de Corpus Christi:
"De muitas formas é desvalorizada, ameaçada e até destruída a vida humana. Desvalorizada em tantos idosos maltratados e esquecidos pelo Estado, pela sociedade e por suas famílias. (...) Vida ameaçada de morte em campanhas e ações pró-aborto, que propiciam a negação do primeiro direito humano: o direito à vida. Um mundo, uma sociedade que se ufana por seu progressismo, mas que cai soberbamente no pior dos retrocessos: matar o semelhante, e, pior ainda, ao inocente e indefeso que vai no ventre de sua mãe."
E tais sermões foram proferidos em uma data em que a afluência de fiéis é grande. Ou seja, os bispos querem realmente levar esta forte e incisiva mensagem à massa de fiéis de suas dioceses.
Quando pensamos no espicopado brasileiro, tirando evidentemente aqueles que corajosamente enfrentam de peito aberto a Cultura da Morte, vemos que nossos hermanos estão um bocado mais à frente.
Deus do Céu!, aqui chegou-se ao cúmulo, durante a Campanha da Fraternidade de 2008, cujo tema era exatamente a defesa da vida, de termos bispo que achou por bem falar sobre recursos hídricos, porque, afinal, água é vida!
Infelizmente, é fato que a imensa maioria dos prelados no Brasil ainda não acordou para a urgência da questão da defesa da vida. As últimas eleições, em que alguns poucos e valorosos bispos enfrentaram praticamente sozinhos a avalanche furibunda da mídia, dos partidos de esquerda e assemelhados, enquanto seus irmãos no episcopado não davam sequer um pio -- fora os que os criticavam abertamente... --, demonstraram bem os problemas pelos quais passamos no Brasil.
Chegou-se ao cúmulo de um bispo dizer que Dilma Rousseff, cujo apoio ao aborto foi gravado em vídeo, tinha compromisso com a vida.
E aí, quando olhamos para o episcopado de nossa vizinha Argentina, que contraste! Ao menos por lá os bispos parecem já estarem bem alertas para a batalha. E aqui? A grande maioria dorme, sem contar os que dão apoio a políticos que têm como bandeira a liberação do aborto, em franca oposição ao ensino perene da Igreja e à palavra do Santo Padre.
Por falar no Santo Padre, D. Antonio Marino em seu sermão citou a Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, trazendo a seu rebanho um trecho importantíssimo daquele documento que mostra claramente os parâmetros da atuação política de quem realmente leva seu catolicismo a sério e não apenas o utiliza como instrumento para angariar votos. Ei-lo:
"83. (...) Com efeito, o culto agradável a Deus nunca é um acto meramente privado, sem consequências nas nossas relações sociais: requer o testemunho público da própria fé. Evidentemente isto vale para todos os baptizados, mas impõe-se com particular premência a quantos, pela posição social ou política que ocupam, devem tomar decisões sobre valores fundamentais como o respeito e defesa da vida humana desde a concepção até à morte natural, a família fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher, a liberdade de educação dos filhos e a promoção do bem comum em todas as suas formas. Estes são valores não negociáveis. Por isso, cientes da sua grave responsabilidade social, os políticos e os legisladores católicos devem sentir-se particularmente interpelados pela sua consciência rectamente formada a apresentar e apoiar leis inspiradas nos valores impressos na natureza humana. Tudo isto tem, aliás, uma ligação objectiva com a Eucaristia (1 Cor 11, 27-29)."
O bispo argentino, ao levar esta importante mensagem aos fiéis de sua diocese, mostrou-se atento à vontade do Santo Padre, que no final do trecho acima, fechando o parágrafo, escreveu:
"Os bispos são obrigados a recordar sem cessar tais valores; faz parte da sua responsabilidade pelo rebanho que lhes foi confiado."
Esperemos que os bispos do Brasil o quanto antes acordem e tomem para si o importante encargo, como é da vontade do Papa, de recordar aos fiéis os reais valores cristãos. O tempo é agora.
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